MIL DESCULPAS, VISITANTES!

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TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2023)

Caminhando pela orla da Lagoa Grande, topei com um amigo que estava acompanhado de um seu amigo de Belo Horizonte, dos tempos da UFMG. Papo vai, papo vem, resolvemos tomar água de coco numa lanchonete ao lado e papear mais um pouco. O amigo do meu amigo comentou que veio participar de um encontro relacionado com a Agropecuária que rolou na FENAMILHO − que por sinal, não é mais Agropecuária, tornou-se Agronegócio é agora é só Agro − e fez questão de elogiar a beleza do lugar que ele pensava que fosse obra do poder público e eu o informei que a recente reforma da Lagoa Grande, se dependesse do poder público, sabe-se lá quando terminaria e que na realidade foi obra de uma empresa privada por isso assim tão bonita, pelo menos por enquanto. Disse ele que é a primeira vez que vem a Patos de Minas e que gostou muito da Cidade, que a FENAMILHO é um show de bola, mas… que se incomodou deveras com a barulheira de motocicletas e carros com som em torno do hotel em que está hospedado na Praça Antônio Dias. E ainda estranhou as enormes e pesadíssimas carretas trafegando pelo Centro. Gravei o que ele declarou:

Cheguei aqui na segunda-feira, às nove da noite. Na recepção do hotel, ouvi uma moto urrando o motor e soltando tiros que me impressionou. Logo depois, veio um carro com um som tão alto que disparou vários alarmes de carros estacionados no entorno. Durante a noite, fui sobressaltado por esses barulhos. Depois de dois dias, tive que comprar um protetor auricular pra ter uma noite mais tranquila. Na sexta-feira, caminhando com meu amigo, estávamos na Rua Major Gote, esquina com a Rua Maestro Randolfo, onde tem um semáforo, quando reparei o quanto esse semáforo é desrespeitado pelas motos, principalmente aquelas com entregadores. Reparei que essas motos descem daquela praça lá [Antônio Dias] a pelo menos uns 100 km/h. Quando chegam na faixa elevada de pedestres na esquina com a Rua Cesário Alvim… e eu estou citando direitinho os nomes das ruas porque o amigo aqui me informou… essas motos barulhentíssimas pouco respeitam a tal faixa de pedestres, um perigo para os pedestres, e depois diminuindo a velocidade ao chegar ao semáforo que está no vermelho, conferem o ambiente e se mandam em direção à outra praça [Champagnat), chegando lá a mais de 100 km/h. Percebi que nove entre dez motos não respeitam o sinal vermelho. Aí tem as motos possantes, que fazem o mesmo no quesito velocidade e pior, no quesito urrar suas máquinas potentes, com barulhos insuportáveis, muitas que soltam tiros que não tem cabimento um troço desses. Sinceramente, pra mim é difícil discernir quais motos são mais inconvenientes, se as dos entregadores ou as possantes. Afirmo com certeza que ambas são insuportáveis, assim como os carros com som nas alturas. E tem até umas bicicletas motorizadas, e até elas barulhentíssimas. Na quinta-feira presenciei uma camionete com um reboque e esse reboque era cheio de caixas de som que tremeram até as estruturas do hotel. Já visitei um monte de cidades do porte de Patos de Minas e nunca havia presenciado uma cidade tão barulhenta como essa. No final do ano passado, estive em Aracruz, no Espírito Santo, e lá tem uma campanha fantástica com o nome deNão Aceito Minhas Entregas via Delivery feita por Motos Barulhentas” promovida pelos próprios comerciantes. No início do ano passado, estive em Volta Redonda, e lá, prefeitura, polícia e empresários estão empenhadíssimos em zerar esse problema, que, pelo que ouvi, já melhorou em mais de 70%. Fico imaginando os visitantes que vieram curtir a Festa do Milho, fico pensando o quanto eles se incomodaram com essa barulheira, principalmente quando de madrugada buscavam uma noite de sono tranquila para recuperar as energias para o outro dia da Festa e foram incomodados de manhãzinha com a zoeira. Hoje à noite, graças, vou embora, e ficar livre dessa zoeira de Patos de Minas. Lá em BH como em qualquer grande cidade, não tem mais como combater isso, mas aqui, uma cidade ainda pequena, eu não entendo é como vocês, patenses, suportam isso!

Então, o visitante amigo do meu amigo, após encerrar esse relato, me encarou serenamente esperando de mim uma resposta, assim como o meu amigo, constrangido, também me encarando e esperando uma resposta. Olhei para os dois, abaixei a cabeça, suspirei, pensei em todas as pequenas cidades como Patos de Minas cujos gestores estão combatendo ferozmente esse problema seríssimo de saúde pública que acomete todos os entes de bons princípios, principalmente os idosos, acamados, hospitalizados, crianças autistas e até animais de companhia, deixei de mencionar os meus inúmeros textos publicados aqui no EFECADEPATOS criticando essas aberrações, suspirei mais umas três vezes, inspirei forte e a única manifestação que tive foi dizer:

Peço mil desculpas a você e a todos os visitantes, e se você e todos os outros visitantes voltarem no ano que vem, reforcem seus protetores auriculares.

Ele entendeu como é que a banda toca aqui em Patos de Minas!

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann.

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