MEU CUNHADO MAURO, MINHA IRMÃ TÂNIA E A NOSSA DOR

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TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2023)

Foi lá no Espírito Santo, mais precisamente em Vila Velha, no final da década de 1980, que eu conheci o Mauro Lúcio Fonseca. Eu morava lá com a família e foi lá que o Mauro conheceu a minha irmã Tânia, ela vinda de uma separação conjugal. Para o Mauro, natural de Belo Horizonte, foi uma daquelas paixões instantâneas. Ele, também vindo de uma separação conjugal, usou todas as artimanhas saudáveis possíveis para conquistar o coração da Tânia. E conseguiu, com a minha aprovação e de toda a família, pois o Mauro, desde os primeiros contatos conosco, sempre demonstrou seriedade.

Com essa característica seriedade, o Mauro conquistou a todos nós, e assim foi selada uma união estável dele com a Tânia. Foi assim por muitos anos no Espírito Santo, ela com suas atividades profissionais e ele idem. O tempo foi passando, a vida foi nos direcionando, eles dois juntos e sempre unidos, nós da família voltando para Patos de Minas, eles dois chegando a ter restaurante na Ilha de Marajó e noutra oportunidade morando um tempo em Teófilo Otoni. Depois dessas vivências, também vieram para Patos de Minas, e com suas experiências cada um se ocupou adequadamente com seu trabalho, sempre com seriedade. Assim a vida foi seguindo, cada um nas suas atividades profissionais, seguiram a vida felizes, respeitosos um com o outro, o tempo passou até que…

Até que no início do ano passado a Tânia foi diagnosticada com câncer no pulmão. E aí, teve início o drama das providenciais idas a Barretos. E foi a partir daí que o Mauro mais evidenciou o seu amor pela Tânia. Cada vez que ela voltava de um tratamento, ele irremediavelmente ao seu lado, eu percebia no íntimo do Mauro a felicidade por, aparentemente, o tratamento estar dando certo. E assim foi em todas, inúmeras vezes em que o Mauro acompanhou a Tânia a Barretos. Ela, mas principalmente ele, voltava com um semblante de felicidade, sentindo no íntimo que conseguiria vencer a doença. Assim, era o que todos nós ansiávamos.

Infelizmente, no início desse ano o quadro se complicou. Todo o protocolo médico usado até então não foi o suficiente para impedir as metástases que se espalharam pelo corpo dela e chegaram ao cérebro. Mesmo assim, com um estado físico debilitadíssimo, ela e o Mauro, num desejo extremo, resolveram oficializar a união estável de 35 anos com um casamento. O que todos os presentes perceberam no semblante dos dois foi o êxtase da alegria, o atestado inconteste de 35 anos de uma união sadia que gerou dois filhos, uma neta e outro neto a caminho.

Infelizmente, a alegria foi por poucos dias, pois a Tânia teve que ser levada de volta para Barretos. Ela, que ansiosamente esperava pela chegada do novo neto. Assim, lá em Barretos, no Hospital São Judas Tadeu, a contagem regressiva do final de sua vida tão feliz ao lado do Mauro, dos dois filhos e da neta foi acionada. Foram muitos dias de agonia, e foi nesse período sombrio e atroz que se evidenciou o amor do Mauro pela Tânia. Lá esteve ele, 24 horas por dia, sofrido ao extremo, um caquinho, de tão doído por presenciar a sua dileta companheira se esvaindo e ele nada podendo fazer para estancar a perda insubstituível. E quando ela fechou os olhos para sempre, em meio às lágrimas, saltou de dentro do peito do Mauro o sentimento que representou o amor dos dois: Perdi minha companheira de 35 anos!

Tânia, a amada do Mauro, partiu para a eternidade. Mauro, o amado da Tânia, aqui ficou e com ele o atestado da hombridade, um clássico exemplo de um Homem Digno que soube respeitar e amar a Tânia.

Obrigado, Mauro, por todo o amor, carinho e respeito que dedicou à Tânia nos seus 35 anos de convivência. Todos da família te admiramos. E que possamos, juntos, vencer essa lancinante dor!

* Foto: Do arquivo familiar.

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