SOBRE O CORREIO EM 1908

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E’ com maior satisfação que damos a’ publicidade a carta do sub-administrador dos correios em Uberaba agradecendo-lhe pelas immediatas providencias que sugere; ella vem confirmar mais uma vez a sua reputação firmada de empregado criterioso, honesto e zeloso; no entretanto, pedimos licença para contrariar a parte em que se refere a agencia do Areado. Acreditamos que ha equivoco por parte de S.S., pois, já se offereceram duas pessôas daquelle districto para o logar de agente, prestando a fiança exigida por lei e, si esse é o único embaraço, em apparencia, lembramos a opportunidade de pôl-a funcionando, escolhida qualquer pessôa idonea de Areado para aquelle cargo.

A agencia de Patos offerece margem para o seu desenvolvimento desde que se cuide de dar-lhe outra collocação, e, essa falta traz não pequenos prejuizos para o commercio local, que já não se faz em pequena escala e onde as transações são avultadas. A actual collocação dá margem para a sua renda nulla e para um grande onus com que sobrecarrega o commercio destas e das praças visinhas. A seguir damos a carta do Sr. C.el Medina Coeli:

Sub-Administração dos Correios de Uberaba em 13 de julho de 1908.

Sr. Redactor d'”O Trabalho”.

Saudações. Cumpri-me dizer algo sobre o artigo publicado nessa folha de 30 do mez findo.

O mau systema de conducção de malas é devido a escassez da verba respectiva; o correio tendo a seu cargo innumeros serviços e restrictissima verba para pagamentos dos mesmos só pode servir mal para servir a todos.

O facto de chegarem correspondencias molhadas ou maltratadas pelos estafetas deve ser levado, pelo agente do correio ao conhecimento da Administração a quem está subordinada a linha postal, porque este é devido a desidia dos estafetas que devem ser punidos.

Em Areado existiu uma Agencia do correio, que mal ou bem servia a seus habitantes; a Administração sustentava aquella Agencia, embora com prejuizo, mas em momento dado, foi necessario exigir a fiança de 360$ para garantia dos bens da fazenda Nacional, e, não houve quem quizesse acceitar o cargo de Agente do correio sujeitando-se aquella fiança. O culpado portanto, da falta de Agencia do correio n’aquella localidade não é a Directoria nem a Administração, pois muitos esforços foram empregados para impedir a suppressão¹.

A correspondencia destinada a St.Anna de Patos deve seguir por Patrocinio e não por Patos. As administrações de S. Paulo e Rio é que mandam erradamente em mala de Patos. Convem que o Agente de Sant’Anna de Patos officie a S. Paulo pedindo para encaminhar sua correspondencia por Patrocinio.

Não deixe de me mandar seu jornal todas as vezes que tratar deste assumpto, porque, nosso dever é acompanhar todo o movimento postal attendendo quanto possivel a todas as reclamações.

Disponha de quem é Seu Adm.or e Cr.º Obr.º.

F. Medina Coeli.

* 1: Leia “Jornal ‘O Trabalho’ Reivindica Restabelecimento dos Correios no Distrito de Areado”.

* Fonte: Texto publicado com o título “Com o Correio” na edição de 30 de julho de 1908 do jornal O Trabalho, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

Foto: Início do primeiro parágrafo do texto original.

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