NOVA CIDADE

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TEXTO: ERNANI MORAES DE LEMOS (1941)

Reaparecendo em nova fase, depois de pequeno interregno, Folha de Patos, verdadeiramente, encontrou uma nova cidade dentro da cidade nova.

A artéria principal de nossa urbes, a imponente Avenida Getúlio Vargas, mais larga que a afamada Avenida Afonso Pena da Capital do Estado, alongou-se rapidamente do Grupo Escolar ao antigo campo de futebol, ladeada de ótimos prédios, entre os quais a magnífica residência do Prefeito Fonseca Sobrinho.

Espantoso e inacreditável foi o crescimento do bairro denominado “Brasil”, onde ruas se rasgaram e construções se ergueram, registrando uma metamorfose profunda e surpreendente.

A construção dos estádios da Associação Atlética Patense e da União dos Trabalhadores emprestou mais graça ao bairro e abriu perspectivas mais agradáveis aos olhos dos turistas, tudo circundando a torre dos altos fornos da cerâmica do João Cirino & Cia.

O aeroporto veio colocar as máquinas da Moinhos Minas Gerais, outrora tão distanciadas, inegavelmente dentro da cidade, estendendo vastíssima planície, na demonstração do grande progresso, que não deve tardar, de tornar-se a cidade uma estação intermediária da carreira aérea de Minas a Goiás.

Ao lado de inúmeros prédios novos: uns arquitetônicos, artísticos outros, leves e elegantes ainda outros, colorindo a cidade aqui e ali, são dignos de nota aos majestosos edifícios São Bento, da Sociedade Recreativa Patense, e os das Agências dos Bancos Comércio e Indústria e Hipotecário de Minas Gerais.

A Igreja Matriz, em construção, é verdadeira Catedral que muito vai recomendar os nossos foros de fé e religião.

O Ginásio Municipal, com linha de tiro anexa, em pleno funcionamento, ao lado da antiga Escola Normal, é expressão característica de amor à instrução, aumentando os nossos créditos intelectuais.

A instalação da Agência do Banco da Lavoura, em prédio particular, mas dos povos que aformosaram a cidade, é índice afirmativo de desenvolvimento de nossas operações de bolsa com larga repercussão nas transações comerciais.

As fábricas de macarrão; do Guaraná “Minas Gerais”; de ladrilhos; de telhas modernas, ao lado de poderosas máquinas de beneficiar arroz e café – quando paupérrima é ainda a nossa força motriz – estão mostrando o desejo de caminharmos pela indústria adentro.

As transformações radicais em nossos processos agrícolas com auxílio de máquinas e adubação de terreno, demonstram o grande passo a frente de nossos agricultores, – os mesmos que já instalam luz e água nas fazendas para o conforto, e que selecionam o gado com o zebu de raça para aumento de nossas riquezas.

A produção do trigo que ocasionou o grande empate de capital da Moinhos Minas Gerais, já passou da fase das experiências para a grande fase da realidade, depois que o técnico Moacir Viana conseguiu desvendar a espécie própria ao nosso habitat.

O erguimento de um asilo para amparo dos que sofrem, é bem um gesto de humanidade e filantropia que classifica um povo e que não pode estender a mão benfeitora de seu realizador – Cap. Abílio Queiroz – que pode sentir a satisfação íntima de entregar a sua riqueza no bom ofício de amainar a dor e aliviar os martírios.

A Rádio Emissora, a mais possante do Triângulo e Oeste de Minas, de breve inauguração, nada mais é que a fibra inquebrantável do patense ilustre, irradiando por todas as antenas da circunvizinhança.

A instalação de clubes em prédios apropriados; as bem montadas casas de sorvetes, em profusão; casas comerciais e de representações; livrarias, cafés – inclusive café expresso –; o  majestoso e magnífico Cine Tupã, cuja aparelhagem honra a mais exigente com o seu mais exigente e culto povo, tudo iluminado pela alegria e sorriso de nossa mocidade, no seu irremediável vai-vem de todos os dias, resume a saúde e vitalidade de um povo progressista, como é o patense que tudo faz pelo engrandecimento e florescência da terra ubérrima e venturosa que lhe serve de berço.

* Fonte: Texto publicado na edição de 27 de abril de 1941 do jornal Folha de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 09/02/2013 com o título “Nova Matriz em Construção na Década de 1940”.

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