QUE É O CIAME, O?

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Mesmo enfrentando sérias dificuldades em sua trajetória, o CIAME¹ está com 3 anos de existência, apresentando saldo favorável em seu atendimento e já com novas propostas para extensão da sua unidade a mais um bairro da periferia. Desta vez, abrangerá o bairro Nossa Senhora Aparecida (bairro da Antena), que também contará com um núcleo de atendimento.

É bom sempre lembrar o nosso tipo de atendimento.

Trabalhamos com menores carentes de 4 a 18 anos, seus grupos familiares e a comunidade, visando o desenvolvimento de sua capacidade crítica e criativa. É uma escola aberta onde os menores não são obrigados a frequentar mas desde que optam pela sua inscrição, são atendidos por técnicos, de acordo com suas necessidades pessoais, seus reais interesses e podem desenvolver suas aptidões; é um atendimento que visa suprir defasagens do ensino.

A unidade é aberta aos menores, à família e à comunidade e portanto, visa desenvolver uma educação conjunta, envolvendo atividades recreativas, artísticas, esportivas, de iniciação profissional, de reflexão sobre os grupos e atuação comunitária.

Na parte de trabalhos manuais, atualmente estamos com um grupo de artesanato em palha confeccionando bolsas, um com atividades de macramê  produzindo bolsas, porta-vasos, panôs, cortinas e estantes e um grupo de mães, já bem estruturado, que trabalha com várias atividades de artesanato, de acordo com opções criadas pelo próprio grupo.

Existe um grupo de horta onde os menores aprendem a técnica do plantio e atualmente, trabalham numa campanha de implantação de hortas domiciliares. Os produtos colhidos na horta do CIAME são usados na preparação da merenda ou preparados pelos próprios menores, incentivando o costume do uso de hortaliças na alimentação.

Há também o grupo de teatro em estruturação e outras atividades mais, difíceis de serem aqui enumeradas.

Portanto, a proposta do CIAME é ministrar o drama do menor, mantendo integradas famílias mais carentes e criando melhores condições de vida.

Encontramos constantemente pessoas que nunca ouviram falar em CIAME e por outro lado, muitos que dispõem de informações distorcidas ou pouco precisas, embora o CIAME permaneça com as portas abertas ao público em geral.

Por ser uma unidade da FEBEM, muitas pessoas mal informadas têm a impressão que o tipo de atendimento é repressivo, pois imaginam a FEBEM como uma instituição castradora, onde atendem menores entre as grades e celas.

A real situação é bem diferente, a filosofia assistencial é baseada na Declaração Universal dos Direitos da Criança e nos melhores princípios pedagógicos. Por isso, é fundamentalmente educativa e nunca repressiva. É sabido que a repressão, a violência não são métodos educativos, não podem preparar para a vida. E depois, que sentido teria somente punir pessoas por erros que não cometeram?

Patos de Minas está repleta de crianças e adolescentes carentes e abandonados, com possibilidades mínimas de sobrevivência e no geral, estão apenas inspirando compaixão às pessoas.

O CIAME tenta minimizar o problema mas torna-se necessária a participação de toda a sociedade.

A indiferença de muitos, a descrença de vários e a desconfiança de tantos outros não irão ajudar em nada, muito pelo contrário. A participação sim, é necessária seja de que forma for, dentro das possibilidades de cada um. As empresas, por exemplo, poderiam abrir espaço possibilitando empregos para menores e proporcionando assim, melhores condições de vida e impedindo de cometerem erros aos quais a própria sociedade os submete.

Estamos sempre tentando mobilizar a comunidade, conscientizando-a da importância de sua parcela de ajuda na problemática do menor. “Se não atuarmos em conjunto, muita coisa deixará de ser feita, porque o problema do menor jamais será curado e sim, apenas amenizado”. Esta é uma das opiniões de Terezinha Fram, coordenadora do Bem Estar do Menor da Prefeitura de São Paulo.

A Diretoria

CIAME de Patos de Minas

* 1: Centro Integrado de Atendimento ao Menor. Leia “Inaugurado o CIAME” e “CIAME Divulga Folclore na Fenamilho”.

* Fonte: Texto publicado na edição n.º 60 de 03 de dezembro de 1982 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Opoderdeumabraco.blogspot.com, meramente ilustrativa.

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