Publicamos na integra a carta que o sr. Angelo Coelho recebeu do seu filho José Alves Coelho¹, o nosso Zezinho, que há pouco, ainda menino, rodava de bicicleta pelas ruas da cidade. E o fazemos porque se trata de um documento de alta expressão neste momento, demonstrativo de sua “boa fibra de brasileiro patriota” e destemido.
Meu querido pai
A vossa bênção.
E’ com grande satisfação que vos escrevo hoje, afim de participar a transferência do meu batalhão para Natal.
Como sentinela avançada do meu país, eu não poderia deixar esconder-se a minha fibra de brasileiro patriota, quando os meus comandantes, os meus colegas se orgulham de cumprir mais um dever para com a Patria.
E’ verdade que eu sinto não poder continuar estar mais perto dos meus, mas no meu coração eu levo o grande amor filial que sempre devotei aos meus queridos pais.
No momento em que o mundo se degladia numa luta titanica e que o Brasil tomou a dianteira na cooperação pela vitoria das democracias, eu, soldado Brasil, vendo que ha necessidade da minha ajuda em prol dessa vitoria, me orgulho de poder sentir mais de perto a derrocada totalitaria.
Não sei ainda quando se dará o embarque, de forma que eu peço continuar a correspondencia de sempre, até eu telegrafar.
Sem mais dai à mamãe e irmãos abraços por mim.
Abençoai mais uma vez o filho.
José
A leitura dispensa comentarios.
Mas é oportuno dizer-se que alguns maus brasileiros, incorporados ao quinta-colunismo, a serviço dos inimigos da patria, teem aqui um eloquente exemplo a seguir. Teem-no também aqueles que a tibieza, comêço de covardia, faz correrem até mesmo do serviço militar dos centros de preparação.
José Alves Coelho escreveu uma página que o eleva aos olhos de todos e o aponta como um brasileiro digno da terra em que nasceu.
* 1: Leia “Força Expedicionária Patense” e “Início da Rua José Alves Coelho”.
* Fonte: Texto publicado com o título “Um expressivo documento” e subtítulo “A carta que o Sr. Angelo Coelho recebeu de seu filho José Alves Coelho, incorporado ao 2.º Batalhão de Carros de Combate, transferido para Natal” na edição de 02 de maio de 1943 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.
* Foto: Trechos do texto original.