INAUGURAÇÃO DO HOSPITAL SÃO LUCAS E A NOSSA MEDICINA ATÉ 1982

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TEXTO: OSWALDO AMORIM (1982)

Pela sua dimensão e sofisticação, o novo Hospital São Lucas pode ser tranquilamente apontado como um dos maiores e melhores do interior do Estado.

Por isso, sua inauguração reveste-se de excepcional significado para Patos de Minas. Sobretudo quando se leva em conta que este grande e moderno estabelecimento amplia e consolida Patos como Polo Médico-Hospitalar.

A propósito, basta lembrar a série de equipamentos que ostenta: 1 – Moderno Centro de Tratamento Intensivo-CTI; 2 – Aparelhos de Encefalografia, para diagnosticar doenças do sistema nervoso; 3 – Aparelho para teste ergométrico ou de esforço físico, para avaliar o funcionamento do coração; 4 – Moderno Serviço de Anestesia, que reduz os riscos e o desconforto do paciente; 5 – Moderno serviço de endoscopia, que permite a visualização direta do aparelho pulmonar, vias urinárias e aparelho digestivo.

Além disso, a equipe médica do novo Hospital São Lucas conta com profissionais altamente especializados, capazes de realizar desde os mais modernos métodos anestésicos até as mais sofisticadas cirurgias, incluindo exames e avançados tratamentos clínicos.

Quanto ao prédio, pode-se afirmar que ele alia a beleza de suas linhas à uma rigorosa funcionalidade, por ter sido planejado para esse fim em seus menores detalhes.

Ao ensejo da inauguração desse moderno hospital, gostaria de evocar, a vôo de pássaro, a evolução da Medicina em nossa terra, que – nos primeiros tempos – evidentemente, era feita de forma primitiva, através dos chamados “raizeiros”, cujo valor não deve ser desprezado, principalmente tendo-se em vista a época e o contexto em que atuavam.

O primeiro médico de Patos, o Dr. Antônio Zacarias Alvares da Silva, aqui aportou em 1886. Há pouco menos de um século, portanto. Formado no Rio e com especialização na Europa, aqui ficou até 1889.

Em 1914 formava-se o primeiro médico patense: o Dr. Adélio Dias Maciel. No ano seguinte, formava-se o segundo, o Dr. João Borges − que aqui viveram até a morte, depois de notáveis serviços prestados ao nosso povo. Antes dos dois, vários médicos vieram e se foram de Patos. Mas um deles veio para ficar: Dr. Eufrásio Rodrigues.

Após o início da dupla Dr. Adélio e Dr. João, que tiveram forte rivalidade política, vieram outros médicos igualmente de grande importância para nós como os Drs. José Olímpio de Melo, Paulo Brandão, Geraldo Rezende Lima, Dolor Borges e Durval Caixeta. Depois surgiram os irmãos Paulo e Benedito Corrêa, Dr. Antônio Ximenes de Morais, Dr. José Wilson Ferreira Pires e muitos outros que tanto contribuíram para o progresso da Medicina em nossa terra, como os Drs. Ary Guimarães, Délio Borges da Fonseca, Carlos Martins, Benedito Alves de Oliveira e Sandoval Silveira, para citar apenas os surgidos na década de 50.

Em 1954 nascia a Secção Patense da Associação Médica de Minas Gerais, sob a presidência do Dr. Benedito Alves de Oliveira. Na ocasião existiam menos de 20 médicos na cidade. Hoje, Patos de Minas conta com mais de 60 médicos em atividade, abrangendo um vasto leque de especialidades. A propósito, nesta época, que marca o avanço das mulheres em múltiplos setores, gostaria de lembrar que Patos tem três profissionais médicas: a Dra. Iracenir Morais, Dra. Carlúcia Marins e Dra. Lênia Mara.

Quanto aos estabelecimentos hospitalares, o pioneiro foi o Hospital Regional “Antônio Dias”, construído pelo então Presidente Olegário Maciel, e que teve e tem um papel marcante na história da Medicina em Patos de Minas e na região.

Em 1941 surgia a primeira Casa de Saúde particular da cidade: a Casa de Saúde Miguel Couto, dirigida pelo Dr. Ubaldino Gusmão Figueira, que funcionou até 1943, onde é hoje o Hotel dos Viajantes.

Em 1946, nascia a Casa de Saúde Imaculada Conceição, dos irmãos Paulo e Benedito Corrêa. E notem que já nasceu com Clínicas Especializadas, Raio X e Laboratório de Análises Clínicas.

Em 1950 surgia a Casa de Saúde São José, próxima ao Mercado Municipal, dirigida pelo Dr. José Wilson Ferreira Pires.

Em 1958 surgiu outro estabelecimento marcante na história da medicina patense: o Hospital Nossa Senhora de Fátima, sob a direção do Dr. Ary Guimarães e extraordinariamente avançado para a época. Na mesma data, morria a Casa de Saúde São José, pois seu dono era um dos idealizadores e executores do novo hospital.

Em janeiro de 1967, o Dr. Antônio Vieira Caixeta, depois de passar cinco anos no Hospital das Clínicas de São Paulo, criou uma moderna Clínica em Patos de Minas, na Rua José de Santana, onde funciona hoje o IPSEMG. Era o embrião do futuro Hospital São Lucas, que surgiu em outubro do mesmo ano no prédio do Patos Hotel, devidamente adaptado para esse fim. A novidade foi o recrutamento de vários especialistas de fora.

Em 1974, uma cisão no Hospital São Lucas, liderada pelos Drs. Alírio Martins, Max Bolivar, Wander Alvarenga e Luiz Spegionini, dá lugar a uma nova clínica na cidade, no Palacete do Amadeu, e que seria, por sua vez, o embrião do futuro Hospital Vera Cruz.

Em 1976 é inaugurado o Hospital Vera Cruz, dotado de prédio e equipamentos moderníssimos, dando uma nova dimensão a Patos na área médico hospitalar.

Em 1982, chegamos, por fim, à inauguração do novo Hospital São Lucas, que finca um marco decisivo na história da Medicina em nossa terra, ao ampliar e consolidar Patos de Minas como polo médico-hospitalar.

Um polo que crescerá ainda mais com a nova Casa de Saúde Imaculada Conceição, cujas obras se encontram em fase adiantada. Mas que já adquiriu notável expressão. Afinal, Patos de Minas tem um hoje um Hospital público e quatro grandes Hospitais particulares, além de duas Clínicas e quatro Laboratórios de Análises Patológicas, bem como numeroso elenco de profissionais médicos em diversas especialidades. Tudo a serviço não apenas de patos mas de toda a região.

Sem dúvida, esse magnífico complexo médico-hospitalar dá a Patos de Minas uma posição de destaque no cenário mineiro e, ao mesmo tempo, contribui para fortalecer-nos como Polo Regional de desenvolvimento.

* Fonte: Texto publicado com o título “Patos: Polo Médico-Hospitalar” no n.º 55 de 15 de setembro de 1982 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Pt.pngtree.com, meramente ilustrativa.

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