Segunda-feira passada tive que fazer uma visita estratégica ao Centro. Fui armado, isto é, com máscara e um frasquinho de álcool 92,8% no bolso. Foi quando o vi vindo em minha direção, sujeitinho chato, chatíssimo, não tive como escapulir, estancou minha caminhada no passeio da Rua José de Santana pouco após o antigo Fórum em sentido à Rua Major Gote. Desde que o atual governo assumiu a presidência do país do pau brasil, toda vez que ele me encontra desfila uma horrorosidade de impropérios sobre o presidente. Para ele não tem meio termo: o atual governo é a pior desgraça que já surgiu no Brasil. E assim, desde o ano passado, eu tento fugir dele o mais que posso, porque o único papo dele é falar mal de todo mundo, um sujeito mal educado que não tem respeito com quem quer que seja.
E lá veio ele, e eu me afastando dele, e ele chegando com suas falas acrobáticas e insanas sobre o atual governo. O cara é completamente tresloucado, pois me lembro que antes do atual governo ele malhava sem dó o anterior, dizendo que o país quebrou por causa das roubalheiras.
E eu me afastando, e ele com o desconfiômetro desligado dizendo quatrocentos e oitenta mil palavrões sobre a moral do atual governo, que ninguém deles vale absolutamente nada, que são todos uns calhordas e que só querem esculhambar o povo. Antes dele se aproximar de vez gritei:
– Ó o Covid!
Aí ele desconfiou, disse um até logo e se mandou. Ontem à tarde, em outra visita estratégica ao Centro, topo com o traquitana na esquina da Major Gote com Olegário Maciel, vindo em minha direção quase que correndo. Passando por mim, estranhamente não parou, disse apenas um olá, e eu não resisti em lhe perguntar qual o motivo da pressa. Com a maior cara de pau ele respondeu:
– Vou pegar meus R$ 600,00.
É, mesmo em tempos de Covid-19, pimenta nos olhos do outro é colírio!
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 02/02/2013 com o título “Avenida Paracatu na Década de 1920”.