No início da década de 1900 não existiam estradas no município de Patos sem ainda o “de Minas”. A comunicação entre a Sede, os Distritos, fazendas e localidades era compartilhada através de rústicas vias usadas por carros de bois e equinos. Igualmente as pontes eram precárias, o suficiente para resistirem ao trânsito característico da época. Nem a ponte sobre o Rio Paranaíba fugia da precariedade, pois, de acordo com registros históricos, ela estava em péssimo estado, e sabe-se lá o quanto as chuvas de 1907 afetaram suas estruturas. O certo é que em 1910 o vereador Pedro Antunes declarou que ela achava-se ameaçada à ruína, por isso requeria ao Presidente nomear uma comissão com o objetivo de examinar a referida ponte e sugerir as providências que julgar mais convenientes¹. A primeira real estrada de rodagem para automóveis foi construída por Sesostris Dias Maciel, o Major Gote, em 1916, a Patos-Catiara, no intuito de ligar o Município à estrada de ferro².
Vindo uma temporada de chuvas intensas, e com vias e pontes rústicas, nada mais natural do que o surgimento de medonhos alagamentos e desabamentos, prejudicando e até interrompendo o trânsito entre as localidades, e nem a Sede ficou livre dos transtornos. Foi o que aconteceu em 1907, como nos informa essa matéria publicada sem título na edição de 20 de janeiro do jornal O Trabalho:
As grandes enchentes, provenientes das abundantes chuvas que de um mez a esta parte teem ininterruptamente cahido neste município já nos vão causando sensiveis prejuizos.
A ponte sobre o ribeiro “Matta Burro” no caminho desta cidade para o districto da Lagoa Formosa, foi totalmente demolida pelo enorme peso d’agua; uma outra ponte sobre o mesmo ribeiro também desabou, ficando, dest’arte, quase interrompido o transito entre esta cidade e aquelle importante districto, o que muito prejudicará aos interesses particulares e ao commercio. Outra ponte sobre o corrego “Trez Barras” no districto de Santa Rita, tambem desabou, causando não pequenos embaraços ás comunicações d’aquelle populoso districto com esta cidade.
As estradas para qualquer ponto do município, acham-se quasi intransitaveis, effeito das volumosas enxurradas.
A nossa cidade tambem sente os effeitos da impertinente chuva, que cahe, cahe incessantemente, fazendo desabar os muros e produzindo medonhos lamaçaes nas ruas.
* 1: Leia “As Antigas Três Pontes do Rio Paranaíba”.
* 2: Leia “Sesostris Dias Maciel e a 1.ª Estrada de Rodagem.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fonte do jornal: Arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.
* Foto: Primeiro parágrafo do texto original.
