TEXTO: ANTÔNIO MENDONÇA PINHEIRO (1941)
Dentro de um só ponto de vista, que é o de ver sempre crescente a nossa cidade, vêm os patenses executando obras que são a expressão de um sólido e singular progresso. E’ que não se compreende mais a velha mania, quando se desejava isto ou aquilo: Vamos ver!”. Agora não. Aí estão, na eloquência dos fatos, a afirmação máscula dos nossos homens atuais, os quais á vista de um plano de interêsse geral a ser concretizado dizem: “Mãos à obra!”.
Patos progride, assim. Das tantas realizações ressaltam as duas obras que se inaugurarão breve: Asilo São Vicente de Paulo¹ e a Rádio Clube de Patos.
Faz-nos a primeira ter a certeza de que êsse “Paraiso de mendigos” vai-se transformar, ou antes, a mendicância terá a sua intensidade, em grande parte, diminuida. Para tal, construiu-se no Alto do Cruzeiro aquela casa para habitação coletiva, onde se acolherão os necessitados, mormente os doentes. Alí, portanto, vão os deherdados da Sorte, de há muito numa peregrinação pelo deserto da miséria, encontrar o oásis da tranquilidade…
A êle chegarão, graças ao gesto humanitário de Abílio de Queiroz, que, por isso, receberá, mais uma vez, a gratidão de todos nós, e, acima de tudo, a recompensa dos céus…
A outra, Patos possuirá dado os esforços, que demonstram a vontade construtiva de nossa mocidade, dos irmãos Rui e Olavo Amorim, que visam dotar a nossa cidade de uma potente emissora − êsse instrumento admirável de propaganda, material e intelectual, de um povo. Com êle, pois, na expectativa de franco e justo otimismo com que a nossa gente o aguarda, as vibrações do nosso trabalho quotidiano, nos seus aspéctos vários, terão a sua devida repercussão, local e exterior. E a lição americana, que não se pode olvidar, diz alto do valor da propaganda, como fator de bom êxito na evolução. Essa repercussão significa o escopo dos idealizadores de tão grandiosa obra, que serà a Ràdio Clube de Patos, sob o aplauso unânime dos patenses progressistas.
* 1: Leia “Vila Abílio Queiroz”.
*Fonte: Texto publicado na coluna de Quando em Quando com o título “Duas realizações” na edição de 22 de junho de 1941 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.
* Foto: Do livro Patrimônio de Santo Antônio: Do Sítio ao Templo, de Sebastião Cordeiro de Queiroz, publicada em 13/01/2017 com o título “Panorâmica na Década de 1940 com a Lagoa dos Patos”.