TEXTO: JORNAL CIDADE DE PATOS (1915)
Quando se tratou da construção do jardim em Patos, da arborização da Cidade e de uma linha telefônica, ouvia-se de boca em boca, que isto eram idéias inconseguíveis, porque o povo não estava preparado para estes melhoramentos; e jardins, plantas, postes seriam destruídos.
São decorridos alguns anos, e se é uma verdade que, a princípio, mãos criminosas ou inconscientes não recuaram em danificá-los, como costuma sempre acontecer, aí hoje, estão eles conservados para atestar que com um pouco de boa vontade, perseverança e esforço tudo se pode conseguir.
Passou a fase da perseguição ao jardim, da perversidade contra as inocentes arvorezinhas e a animosidade à sisudez dos esguios postes e o desejo daninho e irresistível de arrebentar-se fio telefônico.
A censura diária, insistente, cáustica das pessoas sensatas contra essas selvagerias, praticadas às horas mortas ou em lugares ermos, foi fazendo eco e cada malfeitor (a mais das vezes inconsciente) foi envergonhando-se de si mesmo e deixando em paz, esses seus desafetos inofensivos.
Quantas vezes, temos visto ultimamente transeuntes virem avisar a estação telefônica, a queda de um poste ou o desprendimento de um isolador!
Com que prazer temos observado o carinho, com que diversos proprietários cuidam das plantas confrontes às suas residências!
Com que desvanecimento e satisfação íntima notamos o bom desejo de toda a população de ver retirados das ruas e praças da cidade os animais que danificam a arborização e prejudicam o asseio público! Sabemos que do dia 14 d’este em diante entrará em pleno vigor a lei Municipal que determinou o fechamento do patrimônio e quase que podemos asseverar que o fiscal da Câmara no dia 15 não encontrará um animal a apreender.
Como parcela da sociedade patense, nos cabe um pouco do desvanecimento de que deve ela orgulhar-se.
Verdade é, que, só mesmo, com a pertinácia de quem sabe quer, com o concurso de todos aqueles que amam esta terra e o reconhecimento dos que lhe são hóspedes, pode-se chegar a este resultado: formando-se bloco contra a ignorância, a indiferença e a inércia dos retrógrados que possam existir.
Assim hoje podemos dizer sem sermos acoimados de otimista – Patos, civilize-se.
* Fonte: Texto publicado na edição de 06 de junho de 1915 do jornal Cidade de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do UNIPAM.
* Foto: Civilizando.com, meramente ilustrativa.