Amadeu Dias Maciel, filho de Antônio Dias Maciel, o Barão de Araguari, e Flaviana Rosa da Silva Maciel, nasceu em Patos de Minas no dia 14 de agosto de 1873. O palacete onde morava, situado na esquina da Avenida Getúlio Vargas com Rua Olegário Maciel, é um dos últimos remanescentes, na cidade, do estilo denominado eclético, caracterizado pela combinação de diferentes estilos históricos em uma única obra, sem produzir um novo. A história deste imóvel é rica em detalhes e episódios ligados tanto à atividade política como à da vida privada da família Maciel de Patos de Minas.
Homem de atividades diversas (foi político, fazendeiro, boiadeiro, comerciante e construtor), Amadeu Dias Maciel casara-se em 28/01/1897 com Jorgetta Maciel, nascida em 06/01/1881, filha de Jerônimo Dias Maciel. Como este era tio de Amadeu, os noivos eram primos. O casal morava num imponente sobrado na rua hoje denominada Olegário Maciel (o Palacete Mariana¹, demolido na década de 1970), onde atualmente está instalada a casa comercial conhecida como Cresa. Em 1919, Amadeu mandou construir o casarão localizado na Avenida Municipal, que depois receberia o nome de Getúlio Vargas, cujo Alvará de Licença de Construção lhe foi concedido pela Câmara Municipal em 12 de maio de 1919, com os seguintes dizeres:
“O Exmo. Sr. Dr. Adélio Dias Maciel, Presidente da Câmara e Agente Executivo Municipal da Cidade de Patos, na forma da Lei, etc., pelo presente alvará concede ao sr. Amadeu Dias Maciel licença para construir em a esquina da “Olegário Maciel” e “Avenida Municipal”, desta cidade, uma casa de vinte e dois metros de fachada, pela primeira avenida, e dezenove metros pela segunda, limitando-se pela esquerda com uma casa de propriedade do sr. Arthur Thomas de Magalhães, e pela direita com a casa em construção de Dª Balbina Maciel, ficando o concessionário obrigado a não transferir a concessão antes de começadas as obras; a começar estas dentro de três meses, a contar desta data, sob pena de caducidade da licença; e a não cercar o terreno antes das obras se acharem em meio. Eu, Huscar Corrêa da Costa, Secretário do Município, o escrevi”.
Ao descrever o imóvel, o Patrimônio Cultural do município esclarece, entre outros detalhes, que a solução arquitetônica dada ao mesmo é singular. Sua planta – complexa para os padrões da época – possui volumes sextavados que dinamizam os planos de fachada. A edificação possui dois pavimentos, sendo que o primeiro, ao nível do chão, tem caráter de porão com pé direito baixo, servindo o segundo de residência, propriamente dita, cujo acesso é feito através de escada ondulada que leva a um pequeno alpendre com três portadas. Originalmente essa escada possuía dois lances, depois unificados por comodidade dos moradores. Até meados da década de 1940 existiam dois alpendres laterais no segundo andar. Depois foram fechados. Um espaço se transformou em um quarto e o outro espaço aumentou as dimensões internas da sala.
Ao analisar (em 27/03/2009) as condições de preservação do imóvel atualmente sem uso, a Diretoria de Memória e Patrimônio Cultural do município considera que o edifício mantém sua imagem original, respeitando as características artísticas que marcaram o período histórico das primeiras décadas do século 20. No entanto, sua conservação física deixa a desejar, já que existem sérios problemas provocados pela infiltração de água das chuvas. Os responsáveis pela última vistoria que nele foi feito constataram que as pinturas artísticas internas estão em progressivo estado de degradação devido à falta de manutenção, apontando a condição de abandono a que o prédio foi relegado como principal responsável pela situação.
Em 01/07/2009, o jornal Patos Hoje, que divulga por via eletrônica as notícias de Patos de Minas, informava que o palacete de Amadeu Maciel “continua atraindo os olhares desejados por Jorgetta Maciel, mas não tem o mesmo brilho. O prédio parece estar abandonado e sofre com a ação do tempo. As janelas em madeira estão apodrecendo e o lodo já começa a tomar conta da pintura. O palacete permanece fechado, mas do lado de fora é possível perceber os estragos no forro da construção. Algumas partes já começam a desabar. O casarão faz parte do Inventário de Proteção do Acervo Cultural de Patos de Minas, mas sem proteção legal o imóvel está ameaçado. O tombamento é a única forma de proteger o Palacete e outras construções antigas que formam o Patrimônio Histórico do Município”.
* 1: Leia “Palacete Mariana na Década de 1960”.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fonte: Museu da Cidade de Patos de Minas / Prefeitura Municipal de Patos de Minas.