A Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Design, da Universidade Federal de Uberlândia, através de seu Núcleo de Teoria e História, fez em março de 2009 um levantamento arquitetônico do Mercado Municipal sob o comando de Flávio Medeiros Pereira. O relatório foi publicado no site http://www.arqmoderna.faued.ufu.br, incluso no programa História e Preservação – Documentação da Arquitetura Moderna no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. A seguir, os principais tópicos da pesquisa.
O Mercado Municipal é um dos principais marcos urbanos da cidade por ser um ponto de encontro da população urbana entre si, e dela com a população da zona rural, apresentando um grande fluxo de usuários de diferentes faixas etárias e com diversas finalidades.
O edifício sofreu e vem sofrendo várias modificações devido a busca de adaptar o imóvel às necessidades que foram surgindo, mas que de certa forma não descaracterizaram o imóvel. Em outubro e novembro de 2008 o edifício foi inteiramente pintado. A edificação ocupa uma quadra inteira da Praça Santana, na região central da cidade. Possui quatro acessos, cada um voltado para uma rua que envolve a quadra.
O programa arquitetônico do mercado consiste basicamente em boxes de atividade comercial ou de serviços, contando ainda com um setor administrativo do imóvel, e externamente, com áreas de recreação, com mesas fixas para jogos de baralho, e grandes coberturas em estrutura metálica construídas posteriormente, utilizadas pela interligação de linhas de transporte público coletivo da cidade.
O imóvel apresenta um corpo central retangular, com duas de suas extremidades em formato semicircular (o que facilita a circulação interna), contando ainda com pequenas ramificações intermediárias.
A volumetria do edifício, por sua vez, é rica em detalhes técnico-construtivos, já que deixa evidente a concepção estrutural do imóvel. Além disso, ela estabelece um ritmo ao imóvel ao demarcar seus vãos, e ainda demonstra a diversificação de usos que o edifício apresenta a partir de suas várias formas e alturas.
O edifício apresenta um número significativo de usuários que vão até o local com diversas intenções, o que fez com que o imóvel sofresse diversas interferências ao longo de sua existência. O que levou o Conselho Consultivo Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Patos de Minas a aprovar uma série de obras de recuperação do imóvel. Todavia, atualmente o edifício preserva suas características originais, o que faz com que essas obras de recuperação visem apenas a desobstrução das fachadas e valorização de seus elementos.
O sistema construtivo básico do edifício é o pilar-viga em concreto armado. Além disso, ele apresenta uma estrutura independente, bastante explorada esteticamente, tanto interna quanto externamente. A cobertura é mista, apresentando ora elementos de fibrocimento, ora lajes planas impermeabilizadas. A presença de lajes de transição notória no edifício, cria diferentes pés-direitos, auxiliando na iluminação e ventilação zenitais, sendo que suas aberturas ora se apresentam em esquadrilhas metálicas com vidros transparentes, ora em cobogós¹.
O edifício apresenta um comprometimento parcial do seu sistema elétrico, e problemas crônicos de infiltração que progressivamente comprometem os elementos estruturais². Além disso, a presença dos dois abrigos de passageiros do sistema de transito coletivo, localizados em duas das fachadas do edifício, gera uma grande interferência na volumetria do imóvel.
O edifício se insere na área central de Patos de Minas, num local de uso predominantemente comercial e de serviços, com significativa densidade de massa construída e intenso tráfego urbano. Além disso, ele é, sem dúvida, um dos principais marcos urbanos de Patos de Minas, onde ocorre um forte ponto de encontro da população de toda a cidade e da área rural. O edifício ainda promove um diálogo com seu entorno, já que possui acessos em todas as vias que o margeiam, apresentando ainda lojas que se abrem para o interior e o exterior.
* 1: Tijolo perfurado ou elemento vazado feito de cimento, utilizado na construção de paredes ou fachadas perfuradas, com a função de quebra-sol ou para separar o interior do exterior, sem prejuízo da luz natural e da ventilação.
* 2: O relatório foi apresentado pouco antes da grande reforma que corrigiu os problemas citados.