Clarete é natural de Moema-MG, tendo residido em Patos de Minas no final da década de 70. Atualmente (1983) reside em Belo Horizonte.
Começou a estudar música em Patos com o Professor Anísio Dias. Logo se interessou pelos ritmos folclóricos passando a pesquisar esta manifestação popular e descobrindo as variações das pulsações afro-brasileiras. Ao se transferir para a Capital Federal se interessou e ouviu do blues à música contemporânea, daí desenvolvendo as informações recebidas. Passou então a procurar a “música despreocupada” (uma brincadeira ao som), onde timbre, volume, intensidade, melodia, harmonia e ritmo, independem do músico ou do artista.
Hoje (1983), Clarete acredita que qualquer pessoa, com qualquer grau de informação musical, pode fazer música. Através das experiências do artista, ele afirma que qualquer de nós pode captar num momento de pureza a música dos cavalos, dos cães, das mariposas, quer dizer, a música dos “bichos sagrados”. Diante de todos os sons que nossos ouvidos se acostumaram a dizer “isto é música”, Clarete atenta na aventura de que os sons e movimentos podem ser buscados na pulsação da vida e da morte, que por si só são música (como todo ruído o é), apenas ainda não aceitos como tal pela maioria das pessoas, inclusive no meio artístico.
Para o show Trem-do-Som, Clarete reuniu uma série de instrumentos musicais, que se baseiam no simples e na natureza. Estes instrumentos, construídos pelo próprio músico, surgiram da necessidade de encontrar novos sons para a expressão de sua espontânea criatividade musical. Desta forma, Clarete reconhece que cada pessoa tem seu método próprio de estudo. Portanto, a música não carece de ser aceita, mas deve ser sentida como fonte da vida. Daí concordar plenamente com Hermeto Pascoal, quando afirma que “tudo tem música”.
Palavras de Clarete: “Gostaria de citar os nomes das pessoas que encontrei até esta fase da brincadeira, que por uma afinidade de ‘viagens’ se envolveram por inteiro na construção do corpo dessas músicas. São pessoas lindas, como todo mundo que eu não conheço, mas sinto assim. Vander Alves (piano, violão, voz e Direção Geral); Ronan Alves (flauta e voz); João Fino (percussão e efeitos vocais); Guilma (voz e efeitos); Vilmar Carvalho (viola e voz); Antônio Jorge (bateria e percussão); Toquinho, Mônica, Branco, Júnior, Sérgio, Dão e Claudinha cuidam da coreografia. Ao Kléber Lima quero agradecer por tudo, em nome da loucura”.
* Fonte: Texto publicado na edição n.º 77 de 15 de outubro de 1983 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.