CAMINHÃO DO GUARANÁ, O

Postado por e arquivado em HUMOR.

AVocês já notaram quanto de filosofia existe nos ditos populares escritos nos para-choques dos caminhões?

Cada motorista, a seu modo, escreve uma frase e sai por aí a fora, levando, além da carga, quase sempre um dito jocoso.

Há, por exemplo, aquele que escreveu: “Avisa a Maria que eu cheguei”!

Por certo, é um presunçoso, dos tais que se acredita irresistível, e que, em cada praça que chega, encontrará sempre um amor… como se fosse um marinheiro da terra.

Outro, mais revoltado pelas precárias condições técnicas de seu veículo, tacou lá a seguinte frase, como que a responder a gozeira dos que o viam passar: “Furreca é a vó”…

Já um conhecido motorista patense, conhecido por sua habilidade, e por suas tendências feministas, não teve dúvidas. Pegou no pincel e lascou no lugar apropriado: “Já vi muito homem, mas nunca sonhei com nenhum”…

Se fossemos analisar cada frase, levaríamos tempos e tempos, e nunca chegaríamos a uma conclusão acertada sobre seus autores.

Mas, já que abordamos o assunto, merece ser citado um fato aqui ocorrido. Fato que serviu para que a população se alegrasse e risse por alguns dias.

O Guaraná motorista, na falta de uma frase mais sugestiva, aproveitou o sucesso de uma música popular, então em voga, e escreveu: “Eu quero é rosetar”.

Acontece que o delegado não gostou da frase, e o autor foi chamado à delegacia, onde, depois de muita confusão, um soldado passou uma tinta sobre a mesma, fazendo-a desaparecer.

Fulo da vida, o Guaraná saiu direto para uma oficina, e no outro dia desfilou orgulhoso pela cidade, com nova inscrição no para-choque. A Frase? Dizia apenas: “Eu quero é rosetar”.

Nova chamada à delegacia, novo esculacho e inclusive ameaça de prisão, e no fim um preparado químico para limpar a inscrição.

Solto sob palavras de não escrever mais aquela frase lá se foi o Guaraná.

Mas, persistente, no outro dia, lá vinha ele com seu caminhão, todo orgulhoso, à frente do qual, em letras vermelhas, podia ser lido: “CONTINUO QUERENDO”…

* Fonte: Texto publicado na edição de 1.º de junho de 1969 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de História.

* Foto: Tribunahoje.com.

Compartilhe