A Avenida Getúlio Vargas possui dez quadras totalizando 1,25 km de extensão. A Praça Dom Eduardo (as três primeiras quadras) constitui o núcleo primitivo que deu origem a Patos de Minas e é considerada marco zero da cidade. A denominação original foi referendada pela Lei Municipal de Demarcação de Ruas, de 03 de fevereiro de 1874, que a denominava como Largo da Matriz em referência ao espaço do adro da antiga Matriz. A pedra fundamental para a construção da nova Matriz foi lançada em 1934. Em homenagem ao primeiro bispo da Diocese de Uberaba, deu-se a denominação de Praça Dom Eduardo ao trecho antes denominado de Largo da Matriz. A antiga Matriz que ocupava a primeira quadra da Praça Dom Eduardo foi demolida na década de 60, quando as obras da atual Catedral de Santo Antônio já haviam sido finalizadas.
Várias intervenções ocorreram na Avenida Getúlio Vargas, demonstrando uma grande preocupação sanitária. Fez-se a remoção do cemitério (onde atualmente se localiza o Fórum), da Igreja N. S. do Rosário (em frente à atual Rádio Clube) e, com isso, ofereceu maiores condições de crescimento na região mais plana da cidade. Desta forma, a avenida foi sendo concebida como uma Avenida Central, “uma grande praça urbana”, incentivando uma ocupação mais nobre. E, na consolidação da nova ocupação, urbanização e traçado, a Avenida Getúlio Vargas foi definida como o eixo institucional de Patos de Minas. O nome atual foi definido a partir do Decreto-lei nº 19, de 10 de novembro de 1938, anteriormente era denominada “Avenida Municipal”. No governo Jacques Corrêa da Costa (1951-1955) alterou-se o nome para Avenida Liberdade. Porém, diante da insatisfação popular e negociação entre o Sindicato da Construção Civil e o Prefeito para garantir a aprovação do Código Tributário, o prefeito solicitou o apoio do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e em troca devolveu à Avenida o nome de Getúlio Vargas. Em 1946, a Secretaria Estadual de Esportes recebeu o terreno (doação) ao fundo da Avenida Getúlio Vargas para construção de um clube de lazer, o qual denominou Patos Tênis Clube (PTC). O clube marca um dos pontos de cristalização da Avenida, pois a fecha impossibilitando o acesso direto à cidade pela mesma. A partir da construção do clube, a Avenida Getúlio Vargas toma seu traçado definitivo.
No final da década de 70, na segunda quadra da Praça foi construído o Altar da Pátria, definindo-a como praça cívica da cidade. Em 1992, em ocasião da comemoração dos 100 anos de Patos de Minas, foi erguido o Monumento ao Centenário da cidade, no local onde existia a antiga Igreja. A Praça Dom Eduardo foi tombada pelo município através do Decreto nº 2.271, de 14 de abril de 2000, com a área de tombamento de 10.300 m² e é integrante do eixo da Avenida Getúlio Vargas, sendo dela separada pela construção da Igreja. A Praça recebeu a sua configuração atual após a transferência da Igreja, cujo traçado se configura por duas quadras largas e passeios laterais com ligações em diagonal ao centro. A Avenida consta de duas vias aparentemente paralelas, e, entre elas, há sete quadras centrais que possuem cada uma um caráter específico e tem, em comum, a imagem de praça aberta.
A quadra 1 possui uma passarela larga central, enfatizando a perspectiva do cruzeiro, sendo seu piso revestido em ladrilho hidráulico. Em seu lado direito localiza-se o Monumento ao Centenário da Cidade , onde originalmente estava implantada a capela. O monumento concebido em concreto armado tem a forma de um papiro na ascendente sendo na base um espelho d’água circular coma data da criação da cidade (1892) e no alto a data do centenário (1992). No corpo do papiro encontra-se o brasão da cidade.
A quadra 2 constitui a praça cívica, constando de pequeno palanque em alvenaria, “Altar da Pátria” (1970), com escadaria revestida em mármore branco, com três tubos de suportes das bandeiras (do município, do estado e do Brasil) e uma mureta em forma de arco de circunferência em vinte tubos de suporte para a colocação das bandeiras correspondentes aos demais estados da União. Esta quadra é marcada por duas passarelas que cortam seu formato retangular nas diagonais e possui piso revestido em ladrilho hidráulico. Na extremidade deste retângulo, está localizado o antigo cruzeiro da capela. Uma pequena escadaria se dispõe em torno do cruzeiro em forma semicircular e concêntrica, configurando-se como se fosse um pequeno altar. A base de arremate da escadaria, voltada para uma pequena rua transversal que divide as duas quadras, recebe tratamento em baixo relevo, com uma estrela ao centro, ladeada por formas geométricas.
A quadra 3 é onde se localiza a Catedral de Santo Antônio, construída no período entre 1934 a 1954 em estilo eclético com traços marcantes do neogótico.
A quadra 4 é a mais larga e fica em frente à Matriz, situada entre a Rua General Osório e a Rua Olegário Maciel. O piso da calçada é revestido em ladrilho hidráulico com frisos em baixo relevo formando desenho em malha. Possui doze canteiros em forma de polígonos, que se dispõem na periferia da quadra, obedecendo dois eixos de simetria, um longitudinal e outro transversal à Avenida. No cruzamento desses dois eixos, no centro da quadra, está o busto do Presidente Olegário Maciel (1936) apoiado sobre uma base quadrada revestida em placas de granito cinza e placa de bronze com figuras humanas em alto relevo e os seguintes dizeres: “Ao Presidente Olegário Maciel o município de Patos – 6/10/1855 – 5/9/1933”, no lado frontal e “arrebate a pátria às sombras presentes para que ele viva na luz e no bem, a que tanto tem aspirado (de um telegrama de Olegário Maciel em outubro de 1930)”, no lado posterior. Próximo à Catedral há o Monumento ao Monsenhor Fleury. Os imóveis mais importantes localizados no entorno desta quadra são a Casa de Olegário Maciel (1915) e a Escola Estadual Professor Antônio Dias Maciel (Escola Normal – 1933).
A quadra 5, popularmente conhecida como a “Praça do Coreto” situa-se entre a Rua Olegário Maciel e a Rua José de Santana. O piso da calçada tem desenhos radiais revestido em pedra portuguesa nas cores branca e preta, sendo uma elipse ao centro onde está inserido o coreto. Este é implantado em posição de destaque, com uma planta de forma circular, com dois pavimentos, tendo no primeiro pavimento (abaixo do nível da calçada) dois sanitários públicos e, no segundo, o coreto propriamente dito. Esta quadra possui doze canteiros que se dispõem na sua periferia, obedecendo dois eixos de simetria, um longitudinal e outro transversal à Avenida. Os bancos são uma placa contínua de concreto revestida em marmorite e acompanham toda extensão dos meios-fios dos canteiros, voltados para o meio da quadra. Nesta quadra, os edifícios importantes do entorno são: o Palácio dos Cristais (1970); a Rádio Clube de Patos (1946), o Palacete Amadeu Maciel (1920) e a residência de Astrogilda Maria de Queiroz Corrêa (1950).
A quadra 6 é conhecida como “Praça do Fórum” e está situada entre a Rua José de Santana e a Rua Farnese Maciel. O piso da calçada é revestido em ladrilho hidráulico com friso em baixo relevo formando uma malha. Possui dezessete canteiros, sendo três em forma de círculo no meio da quadra, e outros em forma de polígono. A disposição é simétrica obedecendo a um eixo longitudinal à Avenida. Junto à Rua José de Santana existe um grande espaço, sem canteiros, onde a população se concentra em dia de festividade. Os bancos são em placa de concreto revestido em marmorite, dispostos junto aos meios-fios dos canteiros voltados para o meio da quadra. A principal característica desta quadra é o largo onde são realizados cerimônias cívicas e eventos culturais, de formato retangular e piso de ladrilho de cimento. As edificações mais importantes do entorno são: o Fórum Olympio Borges (1936) e a Escola Estadual Marcolino de Barros (1934). Além das edificações é necessário destacar a presença de uma “colossal” paineira no centro da quadra, imune de corte através do Decreto nº 371/77.
A quadra 7 é conhecida como “Praça do Homem do Balaio” (1961) em virtude da presença do Monumento em Homenagem ao Homem do Campo (um homem segurando um balaio de milho, em concreto, apoiado sobre uma base retangular de alvenaria). Esta quadra situa-se entre a Rua Farnese Maciel e a Rua Marechal Floriano. O piso da calçada é revestido de “briquete”. Possui oito canteiros em forma de retângulo, dispostos dois a dois longitudinalmente. Os bancos são de concreto revestido em marmorite voltados para o meio da quadra.
A quadra 8 está situada entre a Rua Marechal Floriano e Avenida Brasil. Possui dez canteiros, sendo dois em forma triangular, dois em forma trapezoidal e o restante em forma retangular, dispostos dois a dois longitudinalmente à Avenida. O piso da calçada é revestido em “briquete”. Os bancos são de concreto revestido em marmorite e dispostos junto aos meios-fios dos canteiros, voltados para o meio da quadra. A quadra possui árvores frondosas e desenho retilíneo, sem monumentos e com passeio central. Há duas referências espaciais em seu entorno: a Igreja Presbiteriana e a Casa de Saúde Imaculada Conceição.
A quadra 9 está situada entre a Avenida Brasil e a Avenida Paranaíba. Possui dez canteiros, todos de forma retangular, com os cantos voltados para o meio da quadra, arredondados e dispostos dois a dois longitudinalmente à Avenida Getúlio Vargas. Possui um desenho retilíneo, sem passarelas diagonais. O piso da calçada é revestido em “briquete”. Os bancos são de concreto revestido em marmorite e dispostos junto aos meios-fios dos canteiros, voltados para o meio da quadra. No terceiro canteiro se localiza o Monumento Identificatório de Patos de Minas, popularmente conhecido como o “Monumento do Escorregador” (1962). O monumento é um muro em alvenaria curvo e inclinado, revestido em pastilha, com uma placa de alumínio fundido contendo informações sobre o município de Patos de Minas. No meio da quadra está uma caixa de areia de forma circular, elevada do nível da calçada.
A quadra 10 está situada entre a Avenida Paranaíba e a Rua Prefeito Camundinho. É a quadra mais estreita, tem um desenho retilíneo, sem passarelas diagonais e não possui monumentos. Possui quinze canteiros, sendo um em forma retangular, dois em forma trapezoidal e doze em forma triangular, dispostos quatro a quatro formando um retângulo. O piso é revestido em “briquete”. Os bancos, as mesas redondas (com tabuleiro de xadrez) e os banquinhos redondos, são em concreto revestido em marmorite dispostos aos meios-fios dos canteiros, voltados para o meio da quadra. A principal referência no seu entorno é o Patos Tênis Clube – PTC.
A Avenida Getúlio Vargas sempre recebeu um tratamento cuidadoso em relação à conservação e manutenção de suas vias, praças e edifícios do entorno. Ainda hoje, nas atuais administrações públicas, percebe-se a preocupação em se manter o seu caráter físico e monumental. O Plano Diretor do Município juntamente com a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Lei nº 020/94) enquadram a Avenida Getúlio Vargas e a Praça Dom Eduardo na ZR-5 (zona residencial – onde se permite somente o uso residencial e institucional), com taxa de ocupação e coeficiente de aproveitamento específicos, refletindo a preocupação em resguardar a imagem da Avenida. Em relação ao paisagismo, nas décadas de 50 e 60 utilizou-se muita cerca-viva e buchinhos, vegetação que pudesse ser trabalhada, com característica francesa. Atualmente, as praças não possuem estilo definido nem um estudo detalhado para a intervenção e alteração nas espécies. No ano 2000, foram removidas várias árvores consideradas “velhas” e introduzidas novas espécies em estágio reprodutivo. A manutenção do paisagismo das praças é feita pela prefeitura e por empresas privadas através de convênio. O Convênio Patos com Flores (1998), feito entre a Prefeitura e a empresa CTBC prevê a execução de serviços de implantação e manutenção paisagísticas da praça e jardins da quadra 6. Em 2005, com o Projeto Patos Viva, as empresas Café Cristal e Posto Elmo, fecharam o convênio com a Prefeitura para auxílio da manutenção das praças das quadras 7 e 8, respectivamente. Desta forma, essas quadras estão sempre bem cuidadas.
O acervo arquitetônico e urbanístico da Avenida Getúlio Vargas é típico de meados do século XIX e início do século XX. As construções coloniais foram as primeiras a se propagarem no território, formando o núcleo primitivo da cidade. Ainda restam algumas amostras no tecido urbano, servindo como vestígio da ocupação inicial. O ecletismo veio de forma tardia, marcando a segunda fase de expansão do sítio que começava a ocupar a região da chapada, configurando a atual Avenida Getúlio Vargas. É apresentado nas edificações públicas, privadas e religiosas. O neocolonial, o art-decó e o proto moderno surgem como reprodução de modelos e arquétipos trazidos dos centros maiores. As construções modernas pontuam os espaços urbanos.Com a criação da Divisão de Patrimônio Histórico, em 1997, foi inventariado grande número de prédios e executado os tombamentos dos seguintes bens públicos localizados na Praça Dom Eduardo e Avenida Getúlio Vargas: Casa Olegário Dias Maciel (1915) pelo Decreto nº 1.964 de 14 de abril de 1997; Fórum Olympio Borges (1934), pelo Decreto nº 2.050 de 14 de abril de 1998; Avenida Getúlio Vargas, pelo Decreto nº 2.068 de 22 de maio de 1998; Escola Estadual “Marcolino de Barros” (1934), pelo Decreto nº 2.154 de 08 de abril de 1998; Escola Estadual “Professor Antônio Dias Maciel” (1933), pelo Decreto nº 2.155 de 08 de abril de 1998; Praça Dom Eduardo, pelo Decreto nº 2.271 de 14 de abril de 2000 e, por fim, o Palácio dos Cristais (1970), pelo Decreto nº 2.597 de 25 de novembro de 2003.
As premissas do Urbanismo Moderno pautavam-se nas novas exigências sanitaristas e em novos conceitos em termos de moradia, circulação e traçado urbano das cidades. Patos de Minas, mesmo sendo uma cidade do interior, passou por intervenções em seu núcleo urbano, que demonstraram preocupações sanitárias e estéticas. Na década de 30, por intervenção de Olegário Maciel, foram construídos edifícios com preocupações sanitárias, foram removidos o cemitério e a Igreja Nossa Senhora do Rosário (considerada igreja de “escravos”) e foi elaborado um levantamento planialtimétrico da cidade que auxiliou na concepção da nova ocupação da Avenida. Por influência das intervenções urbanísticas de Haussmann em Paris, a mesma intenção de Pereira Passos em transformar o Rio de Janeiro em uma capital monumental com grandes avenidas arborizadas, existia nos líderes políticos patenses para “modernizar” Patos de Minas. Por ser a capital de Minas Gerais, os governantes patenses procuraram alcançar, a exemplo de Belo Horizonte, a busca por uma cidade mais moderna. O processo paisagístico revelou uma forma “europeizada”, nas décadas de 50 e 60, com o paisagismo do estilo francês. Atualmente, esse paisagismo foi desfigurado por sucessivas reformas. No ano 2000, foram removidas várias árvores consideradas “velhas” e introduzidas novas espécies de maneira aleatória e sem seguir uma tendência estética clara. Através do levantamento histórico, percebeu-se também a intervenção nos pisos das quadras. No início da urbanização das quadras da Avenida Getúlio Vargas, o piso era revestido em ladrilho hidráulico, hoje encontrado na Praça Dom Eduardo, nas quadras 4 e 6 da Avenida. Nas demais, com exceção da quadra 5, em que o piso é revestido em pedra portuguesa, as quadras possuem piso em “briquete”. Os pisos mais nobres se encontram nas quadras onde estão localizados os edifícios de maior importância histórica e arquitetônica.
Todas as quadras que compõem a Avenida Getúlio Vargas possuem dimensões, traçados, paisagismo e paginação de piso diferenciados, além de diferentes edifícios em seu entorno. Entre certas quadras, verificam-se semelhanças em relação ao uso pelos frequentadores. A Praça Dom Eduardo possui quadras de maiores dimensões, porém a sensação é de envolvimento, causada tanto pela vegetação quanto pela presença da Catedral. A iluminação, tanto no período diurno quanto noturno, é menos intensa e nota-se pouco movimento. Nas três primeiras quadras, verifica-se que diminui a largura e aumenta-se o comprimento em relação às quadras da Praça Dom Eduardo. Porém, a sensação é de amplidão, talvez por que a vegetação predominante neste trecho seja a palmeira imperial e os passeios sejam mais espaçosos em relação aos canteiros. A iluminação e movimentação neste trecho são mais intensas. Nas últimas quatro quadras, as mais estreitas, verifica-se o uso mais restrito aos moradores do seu entorno. A sensação é de direcionamento e fechamento, tanto pela vegetação dos canteiros quanto pelos prédios e residências ao redor.
O Trecho I (Praça Dom Eduardo) é composto por três quadras, incluindo a quadra da Matriz. As quadras deste trecho possuem um traçado específico, onde se percebe uma passarela central que parece levar à terceira quadra (Catedral). As calçadas dessas quadras são mais estreitas em relação aos canteiros e as árvores são mais frondosas e proporcionam muita sombra, dando sensação de aconchego e envolvimento. As quadras deste trecho são menos frequentadas, sendo que as duas primeiras dão um aspecto de praças de bairro. Porém, o fato da existência de árvores de grande porte no trecho prejudica a iluminação, principalmente noturna, ocasionando a presença de grupos de usuários de drogas durante a noite. Durante o dia, pode-se encontrar jovens com skates, devido a certa inclinação existente na primeira quadra propiciando a prática do esporte. Há predominância do uso residencial unifamiliar, com gabarito de 1 e 2 pavimentos. Em alguns lotes de esquina encontram-se prédios com uso comercial/serviços e/ou uso misto, porém, com a entrada principal para a rua perpendicular à Avenida. A distribuição do mobiliário urbano foi feita de forma casual, sem obedecer alguma lógica espacial e verificou-se que não há nas quadras deste trecho mesinhas com tabuleiros de dama ou outros jogos. A definição desse trecho, que o traçado dos canteiros e a característica do tipo de ocupação predominante em seu entorno favorecem o caráter particular do seu uso. A vegetação é mais evidente que os monumentos, equipamentos e mobiliário, o que auxilia na baixa frequência de usuários no trecho, principalmente no período noturno, pelo fato da iluminação ser mais precária, favorecendo de certa forma, a marginalidade.
O Trecho II, compreendido por três quadras, possui uso predominantemente institucional. Neste trecho estão o Palácio dos Cristais (hoje ocupado pela UFU), casa de Olegário Maciel, Teatro, Fórum, Escola Estadual Antônio Dias Maciel (Escola Normal), Escola Estadual Marcolino de Barros e a Rádio Clube. Na quadra 5, encontra-se o Coreto que abriga várias atividades. Na quadra 6, onde se costuma montar a Casinha do Papai Noel, encontra-se um espaço aberto onde é montado o palco para apresentações diversas, em especial, as comemorações da Festa do Milho. Neste trecho o uso é mais intenso, por ser também, onde acontecem todas as atividades e eventos na Avenida. Apenas neste trecho encontram-se abrigos de ônibus e pontos de táxi. Percebe-se que o traçado amplo das calçadas, a vegetação mais espaçada, a diversidade de equipamentos e usos do entorno favorecem uma maior intensidade e frequência de usuários.
O Trecho III, definido por quatro quadras, foi delimitado pelo seu uso mais restrito, já que há uma maior concentração de prédios residenciais. Este trecho é direcionado e envolvido pelos edifícios do entorno e como as quadras são mais estreitas, a impressão é que seus canteiros são uma extensão dos jardins das residências. Neste trecho percebe-se uma maior incidência de crianças tomando sol e passeando pelas calçadas.
O fluxo de entrada e saída de veículos da Avenida é intenso, por ser uma avenida central e por dar acesso a vários bairros da cidade. Por ser bastante movimentada, a Avenida possui mecanismos controladores de fluxo, como semáforos, em praticamente todos os cruzamentos, além de ser bem sinalizada. O fluxo de pedestres é disperso em todo o perímetro da Avenida, portanto, há alguns nós (aglomeração de pessoas) em certos trechos em determinado período do dia, como por exemplo, em frente à UFU e às Escolas. Os passeios traçados nas quadras da Avenida são utilizados pelos pedestres que respeitam os canteiros gramados.
Muitas espécies de árvores estão ainda jovens devido à substituição e reforma paisagística no ano 2000. Não há documentado nenhum projeto paisagístico específico. A administração desse espaço público é de responsabilidade da Divisão de Parques e Jardins e das empresas que possuem convênio para auxiliar na manutenção e conservação de algumas quadras específicas. Identificou-se que toda alteração no paisagismo dos canteiros das quadras é feita de forma aleatória e sem critérios específicos. Não há registros cadastrais do desenho das quadras, não há inventário da vegetação anterior, nem existente. Desta forma, o inventário das espécies e a respectiva localização no mapa será um instrumento importante para auxiliar em projetos de paisagismo futuros, além de documentar as espécies hoje existentes.
Devido à época em que foram feitos os levantamentos (final de maio e início de junho), período de inverno, verificou-se que em grande parte de toda a área estudada há faixas consideráveis de sombra, principalmente à tarde. A sombra da manhã é verificada pela existência das árvores e a sombra da tarde, principalmente pela influência dos edifícios através, também, da posição do sol no início e final da tarde. Contudo, uma análise mais cuidadosa demonstra que nos limites dos canteiros das quadras, onde se posicionam os bancos, há incidência de sol praticamente o dia todo. Verifica-se, então, que o posicionamento dos bancos e/ou das espécies arbóreas não está adequado para dar condições de boa qualidade ambiental em virtude da insolação. Como anteriormente verificado, não há registro de projetos paisagísticos para a área estudada. É importante ressaltar, que por ser um bem tombado pelo município, deveria haver um maior cuidado nas intervenções feitas na Avenida Getúlio Vargas. Assim, a identificação das espécies e o estudo do mapa de sombra são fundamentais para qualquer reformulação e intervenção no traçado e paisagismo das quadras da Avenida.
A questão da segurança foi a única considerada regular e ruim para os entrevistados, item que merece destaque para se buscar alternativas para a solução do problema. A mudança do Centro Administrativo não causou preocupação à população que acredita que as atividades desenvolvidas são suficientes para manter a vitalidade do seu espaço. A população, assim como o poder público municipal, demonstrou uma preocupação em manter o caráter institucional, histórico e cultural. O uso comercial (principalmente bares e restaurantes) não foi uma proposta aceita pelos entrevistados que temem a perda da tranquilidade e a poluição da paisagem natural. Outra questão relevante foi o importante papel social que as atividades desenvolvidas na Avenida Getúlio Vargas desempenham. Percebe-se que a população se sente incluída socialmente, principalmente durante as festividades da Festa do Milho.
A análise qualitativa de espaços públicos auxilia o planejador urbano a buscar uma visão clara sobre a condição física do espaço público no meio urbano, levando-o a elaborar projetos de manutenção e/ou reestruturação em consonância com os anseios da comunidade. Dessa forma é possível dispor desses espaços na cidade não somente como um fragmento ou retalho do seu traçado urbano, mas também como um espaço onde o cidadão possa estar para vivenciar seu tempo com qualidade ambiental. Os resultados alcançados na pesquisa revelaram a percepção e o uso dos frequentadores da Avenida Getúlio Vargas, bem como seus anseios e expectativas, constituindo importante referência para direcionar futuras intervenções naquele lugar. Com o estudo da percepção ambiental e dos aspectos paisagísticos e urbanísticos da área, poder-se-á propor reformulações, projetos, programas e intervenções que estejam de acordo com a necessidade e anseio da população.
* Fonte: Análise da Paisagem Urbana: O Caso da Avenida Getúlio Vargas em Patos de Minas-MG, de Cristina Caixeta Borges. Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa em 2008, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal, para obtenção do título de Magister Scientiae.