DE EITEL@TERRA PARA FERNANDO@CEU

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TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2023)

Bênça pai, meu querido Fernandão, saudade de montão docê, sô. Quando o destino resolveu que era o momento do senhor partir para as plagas do Céu, naquele dia 26 de junho do ano passado, o trem doeu em mim demais da conta, pelamordedeus, como doeu. Sou obrigado a me conformar pela sua não atitude de partir, mas quando chega o momento não tem jeito, né, Fernandão, quem quer que seja parte mesmo.

Eu sei que aí nessas lonjuras do além onde o senhor mora atualmente, sua vida vai bem com o rol de cariocas e patenses que formam hoje a sua turma celestial. Eu, daqui de baixo, apesar da imensurável tristeza dessa sua ausência de um ano, fico feliz pelo senhor, por ter a certeza absoluta de que tudo aquilo de bom que executou aqui na Terra lhe concedeu o passaporte para estar residindo aí.

Pois é, Fernandão, aqui em Patos de Minas eu vou seguindo a minha vida porque, o senhor sabe muito bem disso, não tenho como parar de seguir a minha vida. Isso, óbvio, até acontecer o que aconteceu contigo. Mas espere mais um pouco, viu, meu querido pai, pois antes de reencontrá-lo, pretendo ficar aqui embaixo por muito tempo ainda. Aguenta aí!

Meu amado Fernandão, falar de minha tristeza por essa sua ausência que hoje completa um ano é chover no molhado, pois o senhor, daí de cima, acompanha tudo e sabe perfeitamente o quanto eu, a mamãe, meus cinco irmãos e toda a família sentimos a sua falta. Para nós, na base do conformismo, entranhamos na mente de que o senhor está em viagem demorada. Então, para nós, o senhor está em viagem demorada.

Nessa sua lonjura celestial, tá jogando futebol, já planificou um jornal, tá fazendo a escritura de alguma firma, tá gerenciando alguma empresa? Ora, Fernandão, essas suas atividades foram corriqueiras aqui em Patos de Minas e isso foi motivo para o senhor, carioca e aqui chegando em 1951, ser reconhecido como Cidadão Patense. Que orgulho eu tenho do senhor, meu amado pai!

E esse orgulho que tenho por você, substancialmente quando somado ao caráter de sua amada e apaixonada esposa e minha adorada mãe Alda − ô trenzinho mais bão do mundo é essa minha mãe Alda − aí, Fernandão, de tudo que adquiri de vocês dois, só me resta honrar o que vocês incutiram nos meus neurônios.

Meu estimado pai, o senhor é uma pessoa honrada em Patos de Minas, assim como sua esposa e minha mãe Alda. Estou fazendo o que é preciso para honrar o nome de vocês dois. E, graças, vou conseguindo honrar aqui em Patos de Minas o nome de vocês dois. E vou morrer honrando o nome de vocês dois.

Meu estimado pai, meu querido Fernandão, a minha saudade de você aqui na Terra continua naquela de sua longa viagem. Essa é única maneira que tenho de suportar a sua ausência. É isso aí, querido pai, nem precisando dizer, pois daí de cima o senhor está manjando, mas mesmo assim digo que fique tranquilo com relação à Dona Alda, pois estamos cuidando dela do jeitinho que ela precisa. Obrigado, paizão, por tudo o que fez por mim aqui na Terra. Vou te honrar eternamente!

* Foto: Arquivo de Eitel Teixeira Dannemann.

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