EMPRESA “GRUPO PATENSE” É DESTAQUE NA REVISTA EXAME

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O bilionário Grupo Patense começou de forma simples no interior de Minas Gerais. Há 52 anos, o empreendedor Antônio Gonçalves resolveu criar um novo negócio para reciclar os ossos que sobravam em seu açougue em Patos de Minas. O primeiro produto desenvolvido foi uma ração fabricada com ossos de bovinos. Depois veio o óleo de mocotó. Hoje, o grupo liderado por seu filho, Clênio Gonçalves, fatura mais de R$ 1 bilhão com farinhas e óleos de origem animal. Entre os principais clientes estão grandes empresas de diversos segmentos: Petrobras, Nestlé, Colgate, Boticário, BRF, Seara, entre outros. A expectativa é faturar R$ 2,5 bilhões em 2023 com novas aquisições e lançamento de produtos. “É gratificante olhar para trás e ver que o que começou lá em Patos com o meu pai, hoje, emprega 3.300 colaboradores diretos e indiretos e é a maior empresa do Brasil em reciclagem de pescado, por exemplo”, diz Clênio Gonçalves.

Mesmo atuando em um mercado muito lucrativo, Antônio pensou em se desfazer da empresa, por dificuldades para se adequar as normas sanitárias da época. Seu filho, Clênio Gonçalves, que até então trabalhava de engraxate, decidiu assumir o negócio aos 18 anos. Novas máquinas, melhoras logísticas e de gestão fizeram com que a empresa se desenvolvesse rápido, negociando partes não comestíveis de animais com açougueiros da região. Hoje, a Patense compra toneladas de animais de quase 6 mil fornecedores no Brasil. O CEO conta que o grupo negocia com feiras de rua até com grande frigoríficos brasileiros.

A primeira fábrica da companhia foi criada em 1989¹ em Patos de Minas. Atualmente, o grupo conta com quatro parques fabris, sendo a maior delas em Itaúna (MG). Nos 14 mil metros quadrados de área construída são produzidas farinha de bovinos, sangue, penas, vísceras de aves, além de sebo bovino e graxa branca de suínos. “Todo animal é composto de pelo menos 50% de subprodutos. Os produtos gerados podem ser utilizados como matéria prima na indústria farmacêutica, em produtos de higiene e limpeza, alimentos, ração animal, entre outros”, diz Gonçalves.

Em 2016, a companhia criou uma fábrica especializada em subprodutos de peixes em Tangá, no Rio de Janeiro. O CEO conta que essa frente do negócio já representa 80% da participação de mercado. “O peixe é o animal com maior valor agregado. O óleo é muito utilizado para compor produtos que levam Ômega 3  e é bastante procurado por industrias farmacêuticas”, explica. Além das fábricas, o Grupo Patense conta com quatro marcas associadas: Pets Mellon, Bio Sea, Originalis Biotech e Farol.

A Patense concluiu nesta semana a aquisição da unidade de bioprodutos da GDC Alimentos, empresa líder no setor de pescados enlatados do país e detentora da marca Gomes da Costa. A partir de fevereiro, toda a estrutura de produção, operação e comercialização da farinha e óleo de peixe, provenientes dos subprodutos de pescado, passam ser geridos pela Patense. O valor da aquisição não foi divulgado. A fábrica localizada em Itajaí, Santa Catarina, processa mais de 40 mil toneladas de bioprodutos de peixes por ano, mercado no qual a Pentense tem mais investido nos últimos anos.

Além de conquistar o mercado interno brasileiro, o sucesso da Patense também é oriundo das exportações. Desde 2011 exporta os seus produtos, posicionando-se como player global no segmento com rotina de embarques para vários países. Atualmente, o grupo Patense exporta proteína para mais de 30 países e, entre os maiores, se destacam: Vietnã, Chile, Cingapura e China, sendo o maior comprador os Estados Unidos. Com as exportações, a Patense faturou cerca de R$ 53 milhões. Para 2023, a expectativa para o mercado externo é aumentar ainda mais esse montante, chegando a R$ 71 milhões.

Ainda no primeiro trimestre, o Grupo Patense pretende entrar no bilionário mercado pet com uma marca própria de snaks para animais de estimação. Nos últimos dois anos, o setor cresceu 30% e hoje fatura 50 bilhões de reais, segundo a estimativa do Instituto Pet Brasil, órgão que representa as empresas do setor. Além disso, novos fertilizantes agrônomos e suplementos para animais devem ser lançados neste ano. “Os novos produtos estão em desenvolvimento há quatro anos. Mais do lançar novos produtos no mercado, nós queremos garantir resultados aos clientes”, explica.

* 1: Apesar do sucesso da empresa, eis uma informação que não coaduna com a realidade, pois desde o início da década de 1980 a fábrica do Quiabo, localizada ao lado da Lagoinha no Bairro Rosário (Leia “Antiga Fábrica de Farinha de Ossos no Exuberante Verde da Ainda Resistente Cabeceira do Córrego Água Limpa”) já produzia farinha de ossos e causava uma série de transtornos odoríficos (Leia “Quando a Catinga de Farinha de Ossos Dominava a Cidade”. E o problema continuou por mais algum tempo (Leia “Fábrica do Quiabo em 1994: Bode Expiatório ou Não?”). Resultado: a empresa foi “obrigada” a se mudar lá para as bandas pra depois da antiga ponte do Rio Paranaíba para nos livrar da catinga. Essa mazela da catinga, pois, foi deletada da história de sucesso da Rações Patense.  Pois é! Enquanto isso, atualmente, não é que estamos sentindo novamente cheiro nada agradável de farinha de osso?

* Fonte e foto: Texto de Isabela Rovaroto publicado em 09/02/2023 com o título “Filho de açougueiro do interior de MG fatura R$ 1 bilhão com farinha de ossos e óleo animal” e subtítulo “Fundado há 52 anos, o Grupo Patense transforma produtos de origem animal não comestíveis em matérias primas de alto valor”.

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