TRABALHADORES NA CONSTRUÇÃO DA CATEDRAL DE SANTO ANTÔNIO

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Segundo Ione Guimarães Maciel, o engenheiro Luiz Zeichmeister (Luiz Alemão) foi o administrado da obra; o construtor responsável José Bittencourt, pedreiros ajudantes Justino Moreira de Lima (que faleceu em outubro de 1941 ao cair de um andaime¹), José Dias Cardoso, Ranulfo Ferreira (Ferreirinha), José Hilário e Joaquim das Chagas que fizeram o alicerce de pedras; Bernardino Correia Júnior (Nhonhô Correia) o responsável pela parte elétrica.

Segundo Vicente Borges Nascentes e Joaquim Caixeta de Queiroz, que ajudaram a carrear as pedras e tijolos para o estaqueamento e a base, no dia em que inauguraram o carreto passando pelo vau do Rio Paranaíba na Fazenda Barreiro, foi realizado um mutirão com mais de 12 carros de bois, todos puxando pedras sem cobrar nada. As pedras eram carreadas da Serra do Manuel Caixeta de Queiroz. Depois do mutirão, ficaram carreando ainda, por um longo tempo, 4 a 5 carros de bois. Dois deles pertenciam a Manuel Caixeta de Queiroz e os carreiros eram seus filhos Joaquim Caixeta de Queiroz e Antônio Caixeta de Queiroz.

No carro de Afonso Queiroz eram carreiros Vicente Borges Nascentes e José Afonso Borges. O carreiro Duca Preto trabalhava para João Gonçalves da Cunha (João Carlos). Vicente Mariano era carreiro do Rufino Caixeta. João Miguel era carreiro do Francisco de Souza Nascentes (Chiquinho). Adão da Raimunda era carreiro do Zacarias Nascentes. Depois do mutirão, Afonso Borges e Manuel Caixeta de Queiroz, continuaram transportando pedras da fazenda de Manuel. Joaquim Caixeta disse que as madeiras foram trazidas da Fazenda Cascata, de propriedade da Família Maciel e que seu pai recebia para fazer os carretos. No entanto, muitos carretos eram feitos sem serem cobrados. Os carros do Manuel também transportaram tijolos da olaria próxima da Serrinha (saída para Patrocínio). As filhas dele cozinhavam para os carreiros. Eram elas: Maria Caixeta de Queiroz, Ocília Caixeta de Queiroz, Sebastiana Caixeta de Queiroz, Enriqueta Caixeta de Queiroz e Aurora Caixeta de Queiroz.

Segundo Aguinel Luiz Ferreira, ele, juntamente com seu pai Nico Baixote, carrearam tijolos de uma olaria situada na propriedade de Antônio Caixeta-Córrego do Monjolo. Eles também transportaram pedras caieiras da Fazenda Ranchinho no Distrito de Chumbo. Em uma das viagens, nas proximidades de Ponto Chic, para passar por um barreiro os bois conseguiram quebrar o cocão do carro que havia atolado e ir com a mesa até sair do mesmo. Eles tiveram que amarrar as ligeiras no eixo do carro para poder retirar as rodas atoladas. Aguinel disse ainda que eram muitos carreiros da Mata dos Fernandes que ajudaram nos carretos de material para a construção da nova Matriz.

Sebastião Manuel Soares informou que seu pai Manuel João Soares, o José Grosso, e Sebastião Batista, moradores na Fazenda Sapé no Distrito de Pindaíbas, carrearam pedras caieiras da Fazenda Ranchinho para serem transformadas em cal. As referidas pedras eram queimadas nas proximidades do Hospital Nossa Senhora de Fátima. Sebastião disse que quando tinha apenas 8 anos de idade, ele acompanhou uma das viagens. Isto ocorreu entre 1937 e 1938.

Aristides Luiz Gouveia, também em seu tempo de criança, acompanhou os carros de bois cheios de pedras caieiras. Lembrou ainda da cantiga harmoniosa dos carros de boi de seu pai, Luiz Sebastião Soares, o do seu tio, Zeca Sebastião Soares (Zeca Gouveia), e os carros de seus parentes e conterrâneos da Fazenda Abelha: Luiz Braga, José Braga, Pedro Rapadura, Mizael e outros. Todos pegavam as pedras quebradas à marreta na Fazenda Ranchinho, viajavam para Patos de Minas, descarregavam as mesmas no local onde foi construído o Mercado Municipal. Aristides, como pedreiro conhecedor das mediadas para fazer as massas, disse que a cal era misturada na areia numa proporção de uma lata de cal virgem para três de areia. A mistura era deixada descansar por uma ou duas semanas, e só depois ia misturando uma pequena percentagem de cimento, em quantidades a serem gastas no mesmo dia.

Através de Benedito Caixeta de Melo sabe-se que ele, juntamente com Zacarias, João Cyrino Neto, Abraão Albino, José Albino, Joaquim Beba, José Rodrigues (Ozorão), Honorino Pereira da Fonseca e Lazinho Pereira da Fonseca, trabalharam no serviço de carpintaria, armações dos arcos e madeiramento para colocar o telhado. As madeiras eram de peroba, vindas das Fazendas Paulistas e Cascata, de propriedade de Ibrahim Pereira, Sesóstres Dias Maciel (Major Gote) e Abner Afonso de Castro.

As portas de madeira de bálsamos foram feitas por Lazinho Pereira da Fonseca e seu filho, Benedito Caixeta de Melo. A porta e os portais da frente, os portais internos e o cavalete do relógio foram feitos por José Alexandre Ribeiro (Zé Pretinho) e Vicente Brejo, através da marcenaria do Lazinho, que se situava na Rua Tenente Bino. Tudo isso foi realizado sob orientação do construtor José Bittencourt. Não se pode deixar de dizer que as madeiras das portas laterais e da frente vieram da Fazenda São José, de propriedade de Altino Fernandes Caixeta e sua esposa, Maria José Borges Caixeta.

Benedito Caixeta de Melo e Ione Guimarães Maciel disseram que na base foram usadas as pedras do antigo cemitério, desativado na década de 1910, que ficava onde se encontra hoje o antigo prédio do Fórum Olympio Borges e o atual Grupo Escolar Marcolino de Barros. Informaram ainda que a areia e o cascalho foram retirados do Rio Paranaíba e transportados na carroça de Afro Simão, puxada por quatro bois.

Segundo João Pereira da Silva (João Meleca), que foi sineiro da Catedral, para a execução dos tetos em abóbodas, cujas armações feitas por Benedito Caixeta e outros, o Padre Alaor Porfírio de Azevedo contratou os espanhóis Alfredo, Rossé, Garbalho e Júlio, especialistas em acabamentos de estuque e outros. Para trabalhar no acabamento nos mostradores e coroas dos relógios, foi contratado Eláudio. Alexandre José da Silva (Bichano) ajudou a assentar os azulejos da torre principal.

* 1: Leia “Horrível Desastre nas Obras da Matriz”.

* Fonte e foto: Livro Patrimônio de Santo Antônio − Do Sítio ao Templo (2016), de Sebastião Cordeiro de Queiroz.

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