Mais uma demonstração de vitalidade da “mocidade” de Patos foi, sem dúvida, a recente excursão da Escola Normal. Transpondo os limites de Minas, chegaram ao Rio, onde “tudo é maravilhoso”, na sintética expressão de uma inteligente, perspicaz e sensata normalista.
Tinhamos o proposito de colher as impressões de todas as alunas e envia-las ao nosso jornal. Todavia, pensando, verificamos que melhor seria fazer esta especie de reportagem em Patos, onde, descansadas do espirito e livre das emoções, Zama Maciel poderia, auscultando o sentir de cada uma, proporcionar-nos béla pagina, como as que tem escrito. Por outro lado, oferecemos, não as exteriorizações dos sentimentos das conterraneas, mas as do que ficaram.
Apezar de terem permanecido apenas quatro dias na capital do Paíz, que “ainda continua a ser a Cidade Maravilhosa”, no dizer da professora que as acompanhou, foi, é inegavel, de grande valía para as integrantes da embaixada. Dentro no prazo de tempo, em verdade pequeno, fez-se alguma cousa, embora − como, de inicio, explicara-nos o chefe da embaixada −, o escopo principal da excursão cultural fôra a béla capital mineira. As visitas aos logares históricos e pitorescos da cidade deram margem a observações interessantes das conterraneas, impressionando-nos vivamente, pois, demonstraram, de modo inequivoco, o trato, a maneira social e instrução aprimoradas.
A importancia das excursões culturais, como a presente, está em evidenciar, de maneira irretorquivel, o que, verdadeiramente, é o interior nacional, o “Brasil-brasileiro”. Os liroraneos, em porcentagem apreciavel infelizmente, não o conhecem no seu estupendo desenvolvimento cultural e economico que, de certa época a ésta parte, se vem verificando. Um intercambio cultural, assim empreendido, posteriormente intensificado, é obra de sadio nacionalismo. Verdadeira integração do Brasil, num notavel esforço de unificação da nacionalidade. E, como tal, é de merecer dos “homens de boa vontade”, e precipuamente dos poderes públicos, o mais decidido apoio e a mais integral ajuda.
Torna-se mistér, como já acentuei, e repito, efetuar, periodicamente, excursões culturais, como a que se fez, realização arrojada do dinamico diretor da Escola. E assim o esperamos, aquí, onde, segundo impressões que nos deixou uma jovial excursionanda, é o segundo paraizo, em cujo ambiente floresce a felicidade e dá explendor à vida.
Rio, 23.6.941.
* Fonte: Texto publicado com o título “Excursão Cultural” com o adendo “Especial para Folha de Patos” na edição de 06 de julho de 1941 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.
* Foto: Primeiro parágrafo do texto original.