O cachorro Vira-lata não tem história definida, pois é fruto da mistura de diversas raças. A árvore genealógica de cada um dos cachorros considerados Sem Raça Definida (SRD) varia de acordo com a própria história do animal. Mas, em termos gerais, pode-se dizer que ele tem a mesma origem que a de todos os cachorros: são descendentes dos lobos selvagens e primos da raposa Acredita-se que o termo vira-lata tenha surgido do fato de que muitos deles costumavam (e costumam) viver nas ruas e que, na luta pela sobrevivência, era comum vê-los revirando latas ou sacos de lixo para encontrar alimento. Com o tempo, o termo vira-lata foi ganhando contornos pejorativos, como a expressão cunhada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues. De acordo com o “complexo de vira-lata” sobre o qual ele escreveu, o brasileiro sofreria de uma espécie de sentimento de inferioridade em relação ao resto do mundo. Mas, com o tempo, essa conotação negativa foi perdendo força, e hoje o Vira-lata é paixão nacional.
Ele pode vir em todos os tamanhos, cores e variedades. Tem Vira-lata de porte grande, de porte pequeno. Tem Vira-lata de bigode, sem bigode. E quanto às cores, tem para todos os gostos, do caramelo e fulvo ao branco, preto, canela, e várias outras combinações. São versáteis e se adaptam a qualquer ambiente. Em geral, costuma ser bastante calmo e dócil, e normalmente não é muito brigão. É comum ouvir falar que eles são mais desconfiados ou inseguros devido a possíveis históricos de maus tratos que eles tenham sofrido antes da adoção. Isso costuma acontecer mais com cachorros adotados já na idade adulta, pois eles podem apresentar mesmo algum trauma de barulho, crianças, estranhos ou até mesmo de outros cachorros. O importante é ter paciência, muito amor e carinho para ajudá-lo a passar por isso. Como o comportamento não é padronizado (não apresenta as características distintivas de algumas raças), se adotado jovem, fica mais fácil de moldar seu comportamento e treiná-lo para aceitar bem a presença de estranhos, crianças e outros cachorros, por exemplo. Os treinos de obediência e socialização são os melhores para isso.
Assim como com qualquer raça canina, as chances de um filhote roer o pé da mesa, o estofado do sofá e a cortina da sala são muito grandes. Isso por conta daquele momento em que nasce a dentição, o que incomoda bastante. Também tem a fase de experimentação, comum a todos os cachorros, em que ele vai disputar a força com o dono, para ver quem é que manda no pedaço. Isso se corrige com bastante treino e reforço positivo. Como são muito espertos, costumam aprender rapidinho. Assim como outros cães, é comum que os de porte maior sejam mais agitados na infância e fiquem mais tranquilos conforme a idade avança. Os de porte pequeno e médio, por outro lado, podem apresentar alguma agitação mesmo mais velhos. Mas isso vai variar de cachorro para cachorro.
O Vira-lata costuma ter uma saúde de ferro. Como não tiveram interferência dos seres humanos em suas cruzas, a natureza se encarregou de fazer seu papel. Mas é claro que é sempre bom ficar de olho em algumas condições que são comuns de acordo com o porte. Se ele for de porte maior, fique atento a problemas nas articulações, como a displasia de quadril. Se o porte for menor, é bom ficar de olho em problemas como obesidade, por exemplo. Mas não é porque costuma ser mais resistente que ele não precise de cuidados frequentes. Ele deve ter tantos cuidados quanto os que se aplicam a qualquer outra raça, como vermifugação, banhos periódicos, escovação da pelagem, escovação dos dentes, passeios frequentes, exercícios regulares, tosas higiênicas, corte de unhas e vacinação, entre outros. Muitas pessoas, por acharem que o Vira-lata tem uma resistência maior, não costumam levar seus cachorros para vacinar, por acharem que sua experiência com outros cães e a temporada na rua fizeram com que ele desenvolvesse alguma espécie de imunidade. Isso não é verdade, ele está tão suscetível a doenças como qualquer outro cachorro. Por isso, é importante manter a vacinação em dia. A consulta periódica com o Médico Veterinário é muito importante para garantir que qualquer complicação possa ser diagnosticada precocemente e um tratamento possa ser atribuído.
As cadelas têm facilidade para se reproduzir e cios frequentes, por isso é recomendável pensar na realização de um procedimento de castração. Afinal, uma cadela pode ter mais de oito filhotes por gravidez. A castração é recomendada também para mitigar casos de piometra (grave inflamação uterina que pode afetar a vida das cadelas e, em casos mais graves, levá-las ao óbito), que pode ser prevenida com o procedimento.
* Fonte: Love.doghero.com.br.
* Foto: Pt.wikipedia.org.