UMA QUADRILHA LEGAL

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TEXTO: JORNAL DOS MUNICÍPIOS (1978)

Em Patos de Minas tem uma “QUADRILHA” das mais bem organisadas do Brasil. Ela é composta dos seguintes elementos: Antônio Diogenes e dona Lia; Alfeu (Gordo) e dona Quinha; Lazinho e Ilda Carneiro; José Zago e dona Darcy; Juca e Ludivine; Fernando e Terezinha; Rafael e Sãozinha; Jarbas e Terezinha; Ozeles e Edna; Dr. Helberth e Janete, Cálio e senhora; José Carlos e Vanilda; Paschoal e Ana; Arlindo e Fátima; Luiz Gancho e Erica; Toninho e Zuzana; Cabo Ildeu e Aurea; Maria José e Artur; Luiz e Marta; Nadinho e Maria José; José Maria e Helena; Dr. Sandoval e Elza; Valério e Nilda; Vanderline e Zelma; Iguarim (o sanfoneiro da “quadrilha”); Nilza Simão (marcadora da quadrilha), José Bonfim e Adalgisa, Walmir e Maria Dalva; Wando e senhora e de vez em quando algum convidado especial.

Pois bem, esta “quadrilha” vive assaltando em todos os aniversários e festinhas. O melhor é que ela se reúne na calada da noite e sem esperar toma de assalto a residência de qualquer um dos componentes da mesma. Eles levam a galinhada, a cerveja geladinha do compadre Zago (tem que ser SKOL tamanho família), levam batida de limão ou pinga de Paracatú, amendoim torrado (o maior consumo do mundo). Tem vezes que aparece lombo assado, pernil, frio e até cabrito assado, tudo dependendo da ocasião.

Segundo opinião dos entendidos, é a “quadrilha” mais bem organisada do Brasil. Tem advogados, militares, fazendeiros (em maior número), jornalistas, comerciantes e donas de boutiques, bancários, funcionários públicos e senhoras prendadas da nossa sociedade. É mesmo uma beleza a união de todos os componentes desta quadrilha que vivendo da alegria, da dança, da música do compadre Iguarim e do cabo Ildeu, varam horas pela noite adentro na maior fraternidade humana e familiar.

Esta quadrilha leva muito amor e união aos lares que ela visita e todos passam horas inesquecíveis de bom humor e de mútua confiança, sempre quando aparece um “estranho”, ou “estranha”, ela tem que ser “batizada” na passarela do compadre Lazinho que, com aquele bigodão de português de 100 anos sempre está fazendo rir a todos os presentes.

Agora vai ser implantado o cartão vermelho e o cartão amarelo para quem usar de faltas proibidas pelo “estatuto” da organisação. Na primeira falta: cartão amarelo; na segunda: cartão vermelho e não pode dançar o resto da noite. É pensamento dos quadrilheiros lançar brevemente o seu hino de guerra para ser cantado na entrada e na despedida. Aliás, quem está autorisado a “bolar” a canção é o bom Rafael que brevemente nos brindará com esta obra prima da música popular brasileira. Será o hino dos quadrilheiros de Patos de Minas, coisa inédita no Brasil.

Uma coisa tem que se registrar, entre os membros da quadrilha existe a mais sublime amizade e confiança e desta fraternidade familiar gera momentos de sentimentos de união entre os elementos que compõem a “Quadrilha” mais organisada do Brasil que, usando a música sertaneja como arma vai “assaltando” os lares, deixando um lastro de amor e compreensão humana.

* Fonte: Texto publicado na edição de 14 de maio de 1978 do Jornal dos Municípios, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

Foto: Esfmockup.wordpress.com, meramente ilustrativa.

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