Em 1918, em seu livro O Saneamento do Brasil, o sanitarista Belisário Penna afirma:
O problema do saneamento geral do Brasil e da sua população é mais do que higiênico e médico, mais do que regional, mais do que social e humanitário, ele é o magno problema nacional, e só começará a ter execução no dia em que a nação compreender a necessidade inadiável de sair da desorganização e da desmoralização política, em que se deixou afundar-se, e estabelecer as bases de uma verdadeira Organização Nacional. O saneamento do Brasil tem de constituir um departamento federal, com ação em todo o seu território, independente de requisições ou caprichos dos Estados.
Visando a combater as endemias rurais em todo o Brasil de maneira uniforme, o presidente Delfim Moreira assinou o decreto 13.538, em abril de 1919, que reorganizava os serviços de profilaxia rural, sendo essa nova seção vinculada ao Ministro do Interior. Em 02 de janeiro de 1920, através do decreto 3.987, enfim foi criado o Departamento Nacional de Saúde Pública, um marco em relação à organização de serviços públicos na área de saúde. Dentre as estratégias criadas para a promoção da saúde estava a criação da Diretoria de Saneamento e Profilaxia Rural, cujo objetivo era desenvolver projetos de ação principalmente contra as endemias rurais que assolavam a população.
Em 19 de março de 1924 foi inaugurado o Posto de Profilaxia Rural de Patos, sob a direção do Dr. Guilherme Libânio do Prado. Esse benefício para a cidade foi conseguido graças à interferência do médico e cientista Carlos Chagas, que havia visitado Patos no ano anterior. O posto funcionava em edificação ainda hoje preservada, na Rua Olegário Maciel entre a Avenida Getúlio Vargas e a Rua Tiradentes. O evento inaugural contou com a presença de várias autoridades¹.
A nossa primeira inspeção sanitária só ocorreu em 1927. O Jornal de Patos, em sua edição de 31 de julho do citado ano, publicou uma pequena nota que informa sobre a organização do Posto:
Pelo Dr. Chefe da Prophylaxia Rural do Estado foram nomeados guardas do Posto de Patos os Srs. José Dias Reis, musicista distincto, que residia, até então, em Arcos, e Vicente Machado de Amorim, e Geraldo Magella, servente do Posto. Foi merecidamente, promovido a guarda de 1.ª classe o mais antigo empregado do Posto, Oscar Mendonça. Com as nomeações acima, fica o nosso Posto com o seu quadro completo, felizmente servido por empregados que servirão, a contento geral, á saude publica de Patos. O Posto e nòs estamos de parabens.
E na mesma edição do Jornal de Patos, um aviso do Serviço de Prophylaxia Rural informa que brevemente será feita a primeira inspeção sanitária na cidade:
O Posto local vae iniciar, dentro de breves dias, o levantamento do cadastro predial e a primeira inspecção sanitaria na cidade. São trabalhos básicos da Prophylaxia, infelizmente ainda não realisados entre nòs. Do inquerito feito, então, todo mundo avaliarà, de prompto, o alcance, o interesse e a importancia desses trabalhos. Escusa-se o Posto de solicitar como favor a bôa vontade da população de Patos, certo que está do seu apoio decidido ao serviço de saneamento e do seu prestimoso auxilio aos guardas. Qualquer reclamação, verbal ou escripta, deve ser feita directamente ao chefe do Posto.
* 1: Leia “Posto de Prophylaxia Rural” e “Antigo Posto de Prophylaxia Rural”.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Fonte do jornal: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.
* Foto: Inauguração do Posto de Prophylaxia Rural de Patos, da Monografia “Contribuição à História da Medicina em Patos de Minas: das origens até 1950”, de Giovanni Roncalli Caixeta Ribeiro, publicada em 11/12/2015 com o título “Posto de Prophylaxia Rural”.