TEXTO: PROFESSOR ANTONIO DE JESUS (1926)
De tempos à esta parte apparecem, de quando em quando, entre a correspondencia vinda do correio, impressos ou manuscriptos, endereçados por um anonymo a diversas pessoas desta localidade, algumas vezes sem trazer o carimbo da respectiva Agencia, ou outro qualquer signal de sua procedencia. Isto não se comprehende n’uma repartição publica.
Trata-se de encaixar aqui, à muque o protestantismo, d’ahi o estarem esses intrujões a zurzir os pacientes, mal vistos, pela patrulha de colcha de retalhos.
NÃO TEM GRAÇA. Não é esse o caminho que trilharam os apostolos e seus successores, na propagação das verdades pregadas por Jesus Christo e propostas pela Egreja que deixou fundada sobre a terra, para nossa salvação.
Cessem os abutres de arribação que pretendem anarchisar a família brasileira, e o anonymo suspeito recolha-se ao esconderijo de seu disfarce, com a sua avariada mercadoria. Uma vez que se dirige a pessoas particulares, com endereço individual, o anonymo é sempre suspeito, não se sabe a quem dar uma resposta.
Alem disso vem propondo questionarios malfeitos, como de origem americana, onde há tanta gente limpa e mais auctorisada.
São os discipulos de Voltaire em acção – os patronos da mentira, com Manivellas, no Descalvado e n’uma tal Inconfidência, tendo aqui mais perto esbirros para servirem de palhaço. Ora, ao que propõe uma questão em juizo compete a prova. Seria uma maneira muito commoda, essa, de discutir, avançando proposições ineptas e mandando aos outros que se encarreguem de provar o laudo.
Mas ainda assim não se reduziriam antes a EVIDENCIA, voltando sempre com novas dislates, sem advertirem que estando em erro não podem chamar os outros a caminho.
É o eterno marulhar das espumas.
NOTA: Leia “Antonio de Jesus Maria José”.
* Fonte: Texto publicado com o título “Jogo Indecente” na edição de 10 de janeiro de 1926 do Jornal de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Wikimedia commons.