CIDADE DOS MENINOS – ITALO TERÊNCIO JOSÉ (15/01/1950)
É uma creatura realmente admiravel o padre Tomaz Olivieri. Em sua modestia, em sua humildade, vai levando a bom termo uma obra digna de todo o aplauso e de todo o apôio: a “Cidade dos Meninos”. Amparando os pequenitos, plasmando o carater do homem de amanhã, o padre Tomaz é um verdadeiro missionário do bem. Superior às tremendas dificuldades que se antolham a cada passo, caminha, com a obstinação e galhardia dos fortes, cumprindo uma missão de tanta bondade e de tanta doçura…
A cruzada do bem que o padre Tomaz está levando avante é dessas que obteem guarida e acolhimento nas almas mais duras, nos corações mais insensiveis…
E com que carinho cuida de meia centena de pequenitos que lhe estão entregues! Ei-lo em seu caminhão, rua afóra, nas horas de folga, levando os meninos ao futebol, ao cinema…
No século atual, obras assim de tanto viço e beleza, dolorosamente se escasseiam. Por isso, sem dúvida, mais se agiganta a cruzada do padre Tomaz Olivieri.
Felizmente, ao que nos parece, a obra do padre Tomaz vai sendo compreendida e analisada. O que ele tem feito em silencio, em modéstia, vai ganhando uma expressão mais ampla, vai se dilatando e galvanizando os sentimentos bons do povo patense que já compreende e sente da necessidade indeclinavel que tinha a cidade de amparar e cuidar dos pequenitos, das inocentes almas sofredoras…
A’ maneira, talvez, de um conhecido programa radiofônico, aqui “uma pausa para meditação”: é preciso que os habitantes de Patos de Minas reforcem seu apôio moral e material à grandiosa e sobretudo humana obra do padre Tomaz. A “Cidade dos meninos” é desses empreendimentos que, com calor, falam às nossas almas e bolem em nossos corações…
A VILA DOS MENINOS – IVO MELO JUNIOR (02/04/1950)
1950 é sem duvida o ano em que Patos de Minas atingirá ás culminancias de seu desenvolvimento. Todos se apercebem desta limpida verdade e, sempre que a ocasião se faz propria, desnudam-se entusiasmados e otimistas, enumerando, quase a esfregar as mãos, os fatores de sua gênese.
Agita-se a cidade com o roncar dos tambores das perfuratrizes, espoucam foguetes festejando a chegada do maquinario do asfalto, rejubilam-se os pecuaristas com a lei de reajustamento, que veio emergi-los da situação desastrosa em que os deixou o zebu, evocam e difundem a radio e jornal locais o adeantado da construção da Estrada de Ferro Catiara-Patos.
Ha, no entanto, uma outra grande obra, talvez a maior de todas, que no silêncio de sua modestia vai-se amplificando dia a dia, produto dos abnegados esforços deste trabalhador prodigioso, o padre Tomaz Olivieri. Só quem de perto conhece a Vila dos Meninos, só quem assiste, como assisti, ás atividades quotidianas dos que lá vivem, pode avaliar o merito do trabalho que vem empreendendo o seu instituidor.
Como é sabido, o municipio é essencialmente agricola e a fertilidade de suas terras já é notoria em todo o país. A Vila dos Meninos não só vem amoldando os seus pequenos amparados dentro dos principios de cultura intelectual, integridade de carater, sociabilidade, higiene e trato pessoal, senão preparando agricultores que no porvir amanharão o nosso torrão fecundo. E essas crianças, para quem a felicidade sempre fôra estrangeira, têm também o seu cinema, o seu esporte, o seu recreio e, nesses momentos, o mestre austero que ensina e repreende, em bela metamorfose de espírito confunde-se com a criançada que brinca e se exulta, dando expansão à sua sensibilidade pueril, aplacando a sêde de divertimento e prazer natural de sua propria idade. Lamentavel é que não possa o Padre Tomaz – dada à exiguidade de recursos materiais de que dispõe – acolher maior numero de meninos sob a sua proteção. Mas se ele que até aqui, no silencio de sua simplicidade, tem vencido a ardua e espinhosa tarefa a que se propôs, é de conceber-se tambem que serão totalmente cobertos de êxito os seus sublimes e humanitarios designios de proporcionar ás crianças desamparadas um meio de tornarem-se homens uteis pelo trabalho, sociaveis pela educação, exemplificadores pelo exemplo que tiveram, felizes por suas proprias qualidades.
Avante pois Padre Tomaz, não esmoreça jamais em sua iniciativa, que ela estará a par com as grandes realizações que vêm enaltecendo Patos de Minas, nesta época que se nos tornará inolvidavel.
* Fonte: Artigos publicados no jornal O Patense, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Meninadaluaimagens.blogspot.com, meramente ilustrativa.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.
