MOÇO, ME DÁ UM PÃO…

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PÃOTEXTO: JORNAL CORREIO DE PATOS (1955)

Barulho de chícaras, vozes, sorrisos…

“…Moço, tô cum fome, num comi hoje…”. O pequeno maltrapilho, insistia: “…Moço…”. Não sei porque, ainda ouço aquela voz… Voz de súplica, de miséria. Lamento, triste, revelador. Pobre criança! Espetáculo chocante, trágico. Entre sorrisos…, só teus olhos, infeliz criança, choravam!… Estavas com fome, pedias pão…

Fiquei pensando no abandono daquele pequenito. Roupa suja, rasgada. Talvez, sem lar, sem carinho.

Nada existe gratuitamente. Tudo tem sua causa, sua explicação. Somos responsáveis pelas consequências de nossos atos. Ou…, de nossas omissões. Alguém poderia, talvez, ter evitado, a angústia daqueles olhos… Alguém comprometeu o futuro daquela criancinha.

Longe de nós, fazer “NOVELAS”. Os fatos aí estão. Basta olhar, perscrutar, a realidade. Essa infância de hoje, será adulta, amanhã. O problema é sério, leitor. Nessa mesma infância, reside nosso futuro, a sobrevivência social.

Impossível, qualquer milagre. Tudo depende de esforço conjunto, da compreensão geral. “O PÃO”, solucionava, naquele instante, o problema daquela criança. Bastava, para acalmar sua fome. Entretanto, a questão, no seu aspecto mais grave, permanecia. O pequeno clamava, naquele seu rostinho contraido, por assistência moral, amparo verdadeiro, calor humano. À INDIGÊNCIA FÍSICA” – “MATERIAL” – unia-se a “INDIGÊNCIA MORAL”.

Saberemos, estou certo mostrar-nos à altura de nossos deveres. A espontaneidade da cooperação de todos os patenses, na BELÍSSIMA CAMPANHA que Patos empreende em favor dos MENORES, é indício irretorquível. A boa vontade dos dignos Comissários de Vigilancia, Srs. JOSÉ CAMILO RODRIGUES, e OSCAR JOSÉ DE SOUZA, filhos autênticos dessa gloriosa cidade, constitui reflexo da disposição de todos.

A solidariedade que vem recebendo, pessoalmente, de nossos concidadãos, o MM. DR. JUIZ DE DIREITO dessa Comarca, não deixa margem a qualquer dúvida.

O povo atende aos apelos das crianças.

Não se perdeu no infinito aquêle pedido, aquela vozinha: “MOÇO… ME DÁ UM PÃO…”

Reafirmamos u’a vez mais, nossa confiança nos filhos de Patos. Os pequenos indigentes, os pequenos maltrapilhos morais, estamos certos, terão a devida assistência, serão amparados.

PATOS, TERRA SUBLIME!…

* Fonte: Texto publicado na edição de 13 de março de 1955 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Ilustrasite.blogspot.com.

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