Desde o início do EFECADEPATOS em 2013, eu venho denunciando em suas páginas uma das maiores besteiras que assola Patos de Minas: o trânsito pesado no Centro da Cidade. Já publiquei uma enormidade de textos e fotos sobre essa insanidade do poder público, é só consultar. Essa disgrama começou em 1981, quando da construção da rodovia Patos de Minas-Presidente Olegário. Na ocasião, foi reivindicado um trecho de sete quilômetros para a construção de uma estrada para evitar o trânsito pesado no Centro. Sobre isso, em “Wando Pereira Borges Fala de Suas Ações em Prol de Patos de Minas e Região” (confira lá!), está dito pelo próprio:
Essa decisão é difícil, porque a não realização daquele trecho, vai implicar em tráfego pesado nas ruas da cidade, mas temos uma opção para continuarmos durante mais algum tempo sem a construção daquele anel rodoviário e o tráfego pesado não acabar com o pavimento das ruas de Patos.
A rodovia Patos de Minas-Presidente Olegário foi inaugurada em 24 de abril de 1982. Num artigo de Murilo Corrêa da Costa (Leia “Inaugurada a Rodovia Sebastião Alves do Nascimento: Aqui Foi o Início do Trânsito Pesado no Centro”), ele clamou:
Bom, agora que a rodovia MG-354 chegou a Presidente Olegário já está passando da hora de começar ou recomeçar a luta pelo prolongamento da mesma até a BR-040 e pela correção da falha que representa a amputação dos sete quilômetros que faltam para a mesma contornar a cidade e alcançar a 365. Vamos pedir, implorar, berrar, exigir logo de cara os sete quilômetros do contorno e tirar das ruas da cidade os veículos pesados que atravancam nossas principais ruas e causam transtornos e prejuízos. Queremos o contorno, queremos o contorno. Ou não?
Pouco tempo depois, exatamente em 25 de agosto de 1984, numa solenidade alvissareira, foi anunciado o contrato para a construção da Rodovia do Contorno (Leia “Anunciada a Construção da Rodovia do Contorno”), solenidade essa que teve a presença do então Prefeito Arlindo Porto Neto. E ôba, no final de 1985 a Rodovia do Contorno foi inaugurada. Agora, imagine aí um Município com autoridades sérias, comprometidas com o bolso e com a integridade física dos Contribuintes. Imaginou? Pois é, imaginando então que em Patos de Minas houvesse autoridades sérias e comprometidas com o bolso e a integridade física dos Contribuintes, era para se esperar, 480 mil vezes obviamente, que essas autoridades sérias, comprometidas com o bolso e com a integridade física dos Contribuintes, imediatamente impedissem o trânsito pesado no Centro. Com a Rodovia do Contorno pronta, não seria o lógico?
Mas não foi o que aconteceu. Está muito bem evidente a importância dessa obra, que é desviar o trânsito pesado do Centro da Cidade por três básicos e fundamentais motivos: melhorar demasiadamente o tráfego de veículos, diminuir o risco de vida aos pedestres e evitar o afundamento das vias e outros acidentes como arrebentação de fiação elétrica (evitando enormes prejuízos aos bolsos dos Contribuintes, e fica até difícil calcular a dinheirama do erário que já foi consumida nos reparos das vias e outros danos). Infelizmente, de lá para cá, OITO prefeitos ocuparam o Trono do Executivo e nenhum deles, absolutamente nenhum deles, teve a DIGNIDADE de fazer o que era para ser feito desde a inauguração da obra. A coisa chega a ser tão grotesca, que até o prefeito da época da assinatura do contrato para a construção da Rodovia do Contorno, que foi inaugurada durante a sua gestão, não teve a DIGNIDADE de ser o primeiro a acatá-la.
Eis que na NONA administração pós-inauguração da Rodovia do Contorno, uma luz se acendeu quando nos últimos meses de sua gestão, em 2020, foi anunciado que a Prefeitura deveria proibir o trânsito pesado pela Rua Major Gote e outras do Centro levando em conta a pavimentação das vias, os riscos de acidentes e as necessidades dos comerciantes. Mas, peraí, por que tomar uma atitude altamente positiva como essa faltando dois meses para o fim da gestão? Por que não fez isso no início da gestão? É 480 mil vezes obviamente que não haveria tempo para concluir a decisão, como aconteceu.
O que aconteceu depois? Veio a DÉCIMA administração após a conclusão da Rodovia do Contorno, esta atual que já está no fim do terceiro ano de mandato, e a insanidade continua, cada vez pior. O Artigo 91 do nosso Código de Posturas assim determina: O Poder Público poderá impedir, independentemente de notificação ou de autuação anterior, o trânsito de qualquer veículo ou meio de transporte que possa ocasionar danos à via pública e/ou à segurança dos munícipes. Repare bem no dolo do início do artigo: O Poder Público poderá… Está aí: somos obrigados a aceitar e esperar a boa vontade do ocupante do trono.
A propósito, lembra da época da Ditadura? Pois é, né, naquele tempo o General da vez que ocupava o cargo sem o nosso voto fazia o que queria somente quando queria independentemente se era preciso fazer ou não. Não era assim? E Agora? E agora o Contribuinte, através do voto, elege um sujeito para fazer o que quer somente quando quer independentemente se é preciso fazer ou não. Não é assim? Na Ditadura, nós, que pagávamos, estávamos, sem o voto, na mão do General. Agora, na Democracia com o voto, estamos na mão do eleito. Nessa Democracia do voto, nós, que pagamos, somos obrigados a aceitar e esperar a boa vontade do ocupante do trono. Igualim na Ditadura, pois se lá vereador e ministério público eram o mesmo que nada, hoje na Democracia do voto, vereador e ministério público também são o mesmo que nada, pois nada fazem para combater essa sandice (Leia “Trânsito Pesado no Centro: Omissão do Poder Público Patense e a Concordância do Ministério Público Com Essa Sandice”).
Enquanto isso, essa, que é uma das maiores besteiras que assola Patos de Minas há mais de 38 anos, continua. Enquanto isso, você aí, continue votando, e vai perceber que na próxima administração continuará sendo, como sempre foi, um mero pagador de impostos, que JAMAIS será consultado em absolutamente nada sobre os problemas do Município, e os “donos” de Patos de Minas da vez no poder só agirão de acordo com seus interesses, e assim sucessivamente, pouco se importando se você estiver sendo importunado por essas carretas, pelas motos, carros com som e outras inúmeras mazelas!
* Texto e foto: Eitel Teixeira Dannemann.
