QUANDO A AV. GETÚLIO VARGAS ERA ESTACIONAMENTO DE CARRETAS E CAMINHÕES − 1

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TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1984)

Apesar da enorme diferença de idade que nos separa, não eram poucas as vezes que eu costumava conversar descontraída e demoradamente com o respeitável senhor Antônio Caetano, amigo de saudosa memória de nossos também amigos Toinzinho, Alberto, Alaor, Tiago, Guilherme.

Não raro nossas conversas giravam em torno de algumas coisas que aconteciam em Patos e que desagradavam a ele e a mim e ele, de vez em quando, com boa dose de humor e com muita energia tornava pública sua tendência jornalística através das páginas de algum dos nossos periódicos com o pseudônimo “O Implicante”.

Nestes últimos dias tenho me lembrado muito do velho amigo, ao transitar pelos mesmos jardins da Avenida Getúlio Vargas, onde geralmente nos encontrávamos e mantínhamos nossos diálogos e passei a imaginar se ele aqui ainda estivesse, no invejável vigor dos seus quase noventa anos, se já não teria “implicado” com o assunto que hoje me traz aqui.

Não me lembro até hoje, de alguém de meu relacionamento que vindo a Patos pela primeira vez, não tenha se encantado com a nossa Avenida Getúlio Vargas, pela sua amplitude e beleza que a tornam majestosa fazendo-nos até invejar nossos antepassados que a projetaram com tanta visão. Houve uma época em que ela foi brindada com o plantio de inúmeras roseiras e eu fui testemunha muitas vezes, da atitude de visitantes que a fotografavam quase que extasiados.

Hoje, não sei porque, apesar de bem cuidada, ela já não tem mais as lindas roseiras, mas nem por isto deixou de ser bela. Entretanto, cada vez mais, com o constante crescimento da cidade, nela vêm ocorrendo uma anomalia que quebra toda a sua beleza e diante disto, lembrando-me do saudoso amigo, resolvi tentar substituí-lo, “implicando” com o que se passa, na esperança de conseguir corrigir o erro.

Principalmente o lado direito de quem sobe a Avenida, no sentido PTC-Catedral, nas duas quadras que ficam entre a Avenida Paranaíba e a Rua Marechal Floriano, vem a cada dia que passa se transformando em uma verdadeira garagem para carretas e caminhões. Há pouco tempo atrás, uma enorme carreta azul ficou ali estacionada durante vinte e um dias consecutivos, sem sair do lugar. No domingo, dia 26 de agosto, naquele trecho mencionado “descansaram tranquilamente”, nada mais nada menos que quatro outras carretas e cinco caminhões basculantes e de carroceria.

Não é raro que cinco, seis ou mais caminhões para transporte de gado, ali permaneçam de um dia para o outro, com suas mal cheirosas “gaiolas”. Hoje quando escrevo estas linhas, fazem já onze dias que uma outra carreta, desta vez bege, está estacionada quase no mesmo local onde esteve a azul.

Em todas as noites, infalivelmente, pelo menos três ou quatro caminhões pernoitam na “célebre garagem” que talvez, por ser gratuita, atrai cada vez maior número de usuários, que não demonstram qualquer outra preocupação.

A beleza prejudicada passa a ser de somenos, diante do perigo que constituem os “brutos” ali estacionados, quando crianças e pessoas idosas e distraídas surgem por entre eles para a travessia da Pista de rolamento.

Nada tenho contra os valorosos motoristas dos possantes veículos que transportam o nosso progresso. Pelo contrário, sou deles um admirador, mas penso que outros locais poderiam ser usados para o prolongado estacionamento de seus veículos, sem os prejuízos que o atual vem ocasionando.

Não sei qual a autoridade competente para tratar do assunto, mas espero poder alcançá-la através deste edital.

* Fonte: Texto publicado com o título “Garagem para carretas… de graça!” no Editorial da edição n.º 100 de 30 de setembro de 1984 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Galeria.colorir.com, meramente ilustrativa.

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