ALAOR PORFÍRIO DE AZEVEDO E O ACABAMENTO INTERNO DA NOVA MATRIZ

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Alaor Porfírio de Azevedo nasceu em Araxá no dia 13 de agosto de 1902, filho de Elias Porfírio de Azevedo e Maria Dolores de Azevedo. Estudou no Grupo Escolar Delfim Moreira, de Araxá, e depois em Itu-SP, Colégio Anchieta de Nova Friburgo-RJ e terminou os estudos em Mariana-MG. Foi ordenado sacerdote por Dom Antônio Almeida Lustosa em dezembro de 1927.

Tomou posse como pároco de Santo Antônio de Patos em 11 de fevereiro de 1948, numa cerimônia presidida pelo vigário interino João Maria Valim. Estavam presentes na igreja em construção, associações religiosas, autoridades e representantes da comunidade, e ainda os sacerdotes Clóvis Santana, Antônio Rezende, Tomaz Atílio Oliviéri, Aristeu Rezende e Frei Damião.

O jornal “Correio Católico”, em uma das edições de 1948, caracteriza Padre Alaor como um sacerdote culto, vibrante e piedoso. Pelos registros encontrados no Livro do Tombo¹ conclui-se que, durante os poucos anos em que esteve à frente da Paróquia de Santo Antônio, ele revelou as qualidades acima destacadas pelo jornal.

Foi um período em que procurou conciliar os trabalhos pastorais na sede da paróquia e nas capelas com a construção da nova Matriz. O orçamento para execução do plano de acabamento das obras, internamente abrangendo até o fundo do altar-mor, tendo-o como vigário, foi feito em Campinas-SP em 03 de junho de 1948 por Ottaviano Papaiz.

Conclui-se, então, que foi no final dos anos 1940 e início dos anos 1950 que foram realizados os acabamentos internos como o forro em estuque; o revestimento interno das paredes com duas demãos em reboco grosso de argamassa bastarda² feita de uma mistura de cal e areia, numa proporção de 1/4; colocação dos ladrilhos de cimento hidráulico de 25×25, em três cores com argamassa bastarda de cimento, cal e areia na proporção 1x2x12; colocação das barras de granito artificial com 80 centímetros de altura; serviço de pintura interna com cal em cor creme e as molduras mais forte; instalações elétricas com três lustres grandes; molduras de gesso aplicadas no forro, cantos e ogivas; execução dos florões do forro; execução de capitéis de gesso (…). Todos os trabalhos foram orçados em CR$ 798.880,00 (setecentos e noventa e oito mil e oitocentos e oitenta cruzeiros).

O pagamento obedeceria ao seguinte cronograma de desembolso: 30% no ato da assinatura do contrato, 30% na metade do serviço depois de um ano mais ou menos, 20% quando acabar a obra e os restantes 20% depois de mais um ano. Sabe-se que além destes acabamentos internos que constam no orçamento do Ottaviano Papaiz, a parte de madeiramento antes de esticar a rede metálica que depois seria rebocada foi realizada por profissionais de Patos de Minas.

Constata-se através das anotações no Livro do Tombo que o Padre Alaor conseguiu realizar uma grande movimentação social em benefício do acabamento da Nova Matriz. De maneira bem resumida, aqui estão as rendas das principais festas dentro do seu paroquiato: 1948 − a do padroeiro rendeu 118 mil cruzeiros e a de Nossa Senhora da Abadia, 15 mil cruzeiros. 1949 − a de São Sebastião rendeu 24 mil cruzeiros e a de Santo Antônio, 142 mil cruzeiros, renda esta que seria aplicada nas obras do Seminário de Uberaba e do patrimônio do futuro bispado de Patos de Minas. A renda da festa de Nossa Senhora da Abadia não foi anotada. Está registrado que na festa do padroeiro da cidade, Padre Alaor já se encontrava em Araxá por motivos de doença. No entanto, não foi possível descobrir onde estavam sendo aplicadas essas rendas.

Pesquisando sobre o Padre Antônio Rezende, durante os seus poucos meses de permanência em Patos de Minas, encontramos o que ele registrou: (…) Assinado o contrato com o Sr. Otaviano Papaiz, os trabalhos de acabamento da parte interna tiveram início nos primeiros dias de maio e vêm se desenvolvendo muito rapidamente, prevendo-se a inauguração para o Natal deste ano, se Deus não mandar o contrário. Deve-se ressaltar que o serviço executado por mestres é perfeito, nada deixando a desejar.

Com certeza, o Padre Alaor, junto à equipe de trabalho, estava tentando juntar os recursos financeiros suficientes para dar continuidade à construção, devido à quantidade de material e mão-de-obra que seriam necessários naquele momento. Sabe-se por fontes orais, que os nomes dos profissionais espanhóis que fizeram o estuque e outros acabamentos internos eram Alfredo, Rossé, Gargalho, Pepi e Júlio, sempre elogiados pelo Padre Antônio Rezende. Segundo Benedito Caixeta, havia uma equipe que trabalhou com as madeiras.

Em 1.º de março de 1952, em Patos de Minas, Padre Alaor faleceu vitimado por uma crise de angina pectoris³ e foi sepultado em Araxá.

* 1: Para a Igreja Católica, o Livro Tombo é de alto valor histórico. É um livro tipicamente canônico-eclesial onde são lançados os acontecimentos históricos, os atos e fatos significativos e os procedimentos administrativos de maior relevância.

* 2: Aquela que é composta de dois ou mais aglomerantes distintos, geralmente cal e cimento; argamassa mista.

* 3: Angina de peito (angina pectoris) é a descrição utilizada para caracterizar a dor torácica causada pela falta de sangue (isquemia) que acomete o músculo cardíaco. A angina é quase sempre relacionada a doenças que causam obstrução nas artérias coronárias, responsáveis por levar sangue ao coração.

* Fonte e foto: Livro “Patrimônio de Santo Antônio − Do Sítio ao Templo”, de Sebastião Cordeiro de Queiroz (2016).

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