POR UMA ESCOLA MODERNA DE ARTES PLÁSTICAS

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TEXTO: ARMINDA ALVES GOMES DE CARVALHO (1984)

Chegou a hora e a vez de rompermos a cadeia da arte acadêmica em Patos de Minas. Vamos nos libertar das amarras das formas tradicionais e ultrapassadas, dos conceitos arcaicos, de que a arte é perfeição de formas, de que a arte é pintar a natureza tal qual ela é, etc.

Nós precisamos desenhar e pintar mais livremente, seguindo o impulso que vem de dentro, não nos preocupando com o que os outros irão dizer ou mesmo com os trabalhos de artistas famosos do passado ou de vanguarda. Nós precisamos ser mais autênticos e criar as nossas obras como as vemos e sentimos verdadeiramente. Como diz João Medeiros: “mais vale uma obra simples, sem muita técnica e estética, mas que seja realmente uma expressão sua, do que uma reprodução, trabalhada com toda habilidade, técnica e perfeição”.

Nós devemos ter a nossa forma de expressão artística, assim como temos a nossa forma de escrever, falar, vestir, ser.

Na Europa o rompimento com o academicismo iniciou-se por volta de 1860, com os impressionistas, depois expressionistas, cubistas, etc. No Brasil o modernismo começou realmente a ser aceito em 1922, com a realização da Semana da Arte Moderna em São Paulo.

Em Minas Gerais, só em 1944, apesar de ainda existir um ambiente hostil à arte moderna, é que Juscelino Kubitschek, então Prefeito, valorizou a arte moderna, construindo obras arrojadas de Oscar Niemeyer, pinturas de Portinari, jardins de Burle May¹ e o mais importante, trazendo o pintor Alberto da Veiga Guignard para dirigir uma Escola de Arte em Belo Horizonte. Esta Escola tornou-se famosa em todo o país, cujo lema é: “disciplina e liberdade”.

“Primeiramente o desenho”, ensinava Guignard, depois “as tintas”. Mário de Andrade apontou esta Escola como a “melhor escola de arte do Brasil”.

Os nomes mais expressivos da arte mineira estão vinculados àquela Escola, hoje dirigida pelo Prof. Herculano Ferreira.

Baseando-se na filosofia da Escola Guignard, seguindo seus caminhos e orientação, é que vamos criar o Curso de Artes Plásticas da FUCAP, destinado à juventude de Patos de Minas e região.

Inicialmente o Desenho e Noções de História da Arte, tendo como professora a jovem Lúcia Rocha, formada pela Escola de Belas Artes de Minas Gerais e posteriormente, no 2.º semestre, serão introduzidas novas modalidades e técnicas: pintura, escultura, gravura, cerâmica, etc.

Patos de Minas precisa ocupar espaço no movimento artístico de Minas, assim como outras cidades do interior já o fazem.

Vamos caminhar juntos em busca da liberdade de expressão, cor e forma também formam a personalidade.

* 1: Na verdade, Roberto Burle Marx.

* Fonte: Texto da então Chefe do Setor de Artes Plásticas da FUCAP publicado no n.º 86 de 15 de fevereiro de 1984 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Npdiario.com.br, meramente ilustrativa.

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