CASO DAS PAINEIRAS DA AVENIDA PARANAÍBA, O

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TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1983)

Nos últimos dias muito se tem comentado sobre o corte das árvores da Avenida Paranaíba e da Rua Major Gote (da Teófilo Otoni para cima). Inclusive em nosso último número, o assunto foi abordado com certa veemência pelos prezados companheiros José Afonso e Oswaldo Amorim¹.

Realmente as belas paineiras foram quase que totalmente destruídas, delas restando, apenas enormes troncos desnudos.

Tão logo teve início aquela operação, ante a reação e revolta de algumas pessoas, procurei verificar o que acontecia, entrando em contato com o Departamento de Serviço Público da Prefeitura (DESEP), ouvindo de seu diretor, Dr. José Paulo Xavier, a seguinte versão:

As referidas paineiras, apesar de sua beleza e de sua sombra acolhedora, vinham trazendo alguns problemas bastante sérios em virtude do grande porte por elas atingido. Seus galhos muito altos traziam grandes riscos por tocarem os fios da rede elétrica e não raras vezes, alguns deles arrancados pelo vento, puseram vidas em risco e danificaram veículos; seus frutos de porte razoável, igualmente já caíram sobre transeuntes e veículos; suas vigorosas raízes alevantam e rompem o asfalto, danificando-o em sua volta.

Diante disto e atendendo reclamações e pedidos de moradores daquelas regiões, o DESEP entrou em entendimentos com elementos do Instituto Estadual de Florestas (IEF) que recomendou o que se chamou de “poda drástica”, sendo este trabalho, em virtude dos riscos proporcionados, executado por componentes do Corpo de Bombeiros, sob a supervisão do pessoal da Prefeitura.

Ao lado de cada tronco foi imediatamente plantada uma muda de sibipiruna, árvore que se tem mostrado excelente para a arborização urbana e isto podemos testemunhar pela beleza dos exemplares existentes na Avenida Getúlio Vargas. Igualmente o seu desenvolvimento podemos comprovar observando as mudas que foram plantadas na Avenida Brasil, entre a Major Gote e a Cônego Getúlio, há pouco mais de um ano.

No princípio do próximo ano, segundo informações que recebi, as paineiras estarão novamente viçosas e floridas e antes que seus galhos voltem a atingir grandes proporções, daqui a três ou quatro anos, as sibipirunas estarão crescidas e prontas para substituí-las e então, as velhas e grandes árvores serão eliminadas de vez, dando lugar a uma arborização mais bela e mais fácil de se educar.

Assim, sem querer tomar qualquer partido ou ser advogado de defesa, achei por bem, no cumprimento desta minha missão, transmitir ao prezado leitor, o “outro lado da medalha”, para que cada um faça o seu julgamento.

Se o resultado não for o previsto, a grita haverá de ser muito maior, todavia, se a operação for bem sucedida, por certo o povo aplaudirá, ou pelos menos se calará.

É portanto apenas, uma questão de esperar.

* 1: Leia “Destruíram as Paineiras da Avenida Paranaíba”.

* Fonte: Texto publicado com o título “O caso das Paineiras” no editorial do n.º 73 de 31 de julho de 1983 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco:

* Foto: Quatro primeiros parágrafos do texto original.

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