Há vários anos se pensa fazer em Patos de Minas um show ao ar livre que marcasse época. Um show bem descontraído, onde todos pudessem se soltar. Foram sugeridos vários locais, todos eles com várias qualidades, mas porém com um “déficit” maior pois haveriam muitos problemas, alguns deles quase insolúveis. E foram dando um tempo, mas não saia nada.
E como que caído do céu surgiu dentro do Parque de Exposições uma arena feita sob medida para esta promoção, que foi gentilmente cedida pelo presidente do Sindicato Rural, o Dr. José Ribeiro de Carvalho.
E quem nos dá as coordenadas desta vultosa promoção é o produtor Carlos Alberto Donâncio Rodrigues, o Xaulim, proprietário da CADORO, que sem dúvida alguma é um batalhador para o desenvolvimento artístico cultural de nossa cidade.
“Olha, o Rock no Parque¹ é uma iniciativa que a gente tá fazendo no sentido de vermos que as promoções feitas aqui em Patos de Minas, até então todas foram realizadas em recintos fechados e praças. De certa forma são uma aspiração do pessoal mais novo. Pessoal que de certa forma tem origem num movimento da música contestatória, e o Rock no Parque cumpre o seu papel nesse sentido e foi daí que nasceu essa idéia. E mais ainda, porque eu sempre tive um velho sonho de fazer um show ao ar livre no Parque, mesmo antes de ser construída aquela arena, e depois de construída facilitou demais as coisas, e tem mais, o próprio local onde situa o parque tem uma áurea que contribui para que todos participem do negócio, tornando mais vibrante, mais pulsivo e o rock é o tipo de música que tem condições de contagiar o pessoal”.
Quanto ao apoio financeiro, Xaulim já fez um projeto, que apresentou a várias firmas em Belo Horizonte para que se possa cobrir os gastos que certamente serão bastante elevados.
E acrescentou Xaulim: “Vamos ter uma média de dez grupos, e de última hora resolvemos dar uns retoques, pois o Rock no Parque não vai ser só de Rock, vai haver muita música popular brasileira com grupos e algumas pessoas, principalmente um pessoal mais novo. Falo isso porque devem ser uns três grupos de BH. Então, é para oferecer uma certa opção lá no parque”.
Os grupos que irão participar do movimento, que promete ser o mais louco e mais desbundante de todos, e que jamais deixará o pessoal quieto, pois será uma festa de muita liberdade e de muito som, são: Magos do Sol, Lava Pés (Dalla, De Brot, Ivan Corrêa), Aborto Elétrico, Banda do Lixo, Funeral Elétrico, Liga Tripa, Fruto da Terra, Fogo no Circo e outros, além de pessoas que participarão individualmente como Rubinho do Valle e Sérgio Moreira e conta ainda com a apresentação do Mister Tim da Rádio Cultura de Sete Lagoas.
Durante a apresentação dos grupos serão realizados vários efeitos como gelo seco, explosão de pólvora, chuva de isopor, chuva de papel picado e contará com a iluminação de 50 holofotes e dois canhões de 4.000, a sonorização estará com 50 caixas de som de 3.000 watts.
Estarão funcionando as barracas do Zé Bettio e uma barraca que foi doada ao Clubinho Carnavalesco do Povo, que aliás, na sexta-feira e no sábado estará finalizando a noite com um fortíssimo grito de carnaval.
Quero ressaltar que o local do Parque de Exposições poderia ser mais aproveitado nesse tipo de promoções e que não fique só para a realização da Festa do Milho, mesmo porque o Presidente do Sindicato Rural de Patos de Minas, Dr. José Ribeiro de Carvalho é uma pessoa sensibilizada com estes movimentos culturais e que creio eu, não se oporá em ceder o local a toda promoção que possa vir a engrandecer o meio artístico cultural patense.
* 1: Leia “Cartaz do Rock no Parque” e “Rock no Parque e a Primeira Vez do Legião Urbana”.
* Fonte: Texto publicado na coluna Sem Fronteiras (Vicente) com o título “Rock no Parque” na edição n.º 54 de 31 de agosto de 1982 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Arquivo de Marcelo Rezende Cota.
