PATOS JÁ TEVE O SEU PRÉDIO MARTINELLI

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TEXTO: JORNAL DOS MUNICÍPIOS (1969)

O arraial de Santo Antonio dos Patos, segundo os antigos, houve coisas interessantes. O abastecimento d’água era feito por um grande rego que vinha da Mata do Capitão Juca Santana, descia em direção ao Posto do Boanerges, onde começava a se subdividir. Na atual Major Gote havia outra ramificação, e finalmente na altura da Escola Normal era novamente repartido para o resto do arraial. Quando se procedia o nivelamento para o asfalto em 1940, foram retirados frente à Recreativa, vários paus de aroeira que serviram de pinguelas. O Cemitério era localizado no local onde está hoje o Fórum. Quando ali passava em criança, assobiava alto para espantar o medo. O arraial praticamente era composto do Largo da Matriz, Ruas Tenente Bino, Major Gote até Olegário Maciel, Tiradentes, Praça Antônio Dias, a “Biquinha” do Sobradinho, Beira da Lagoa, o Serrado dos Rocha e a Várzea. Quando abriram o trecho da Major Gote, ligando à beira da Lagoa, fizeram uma passagem por meio de tábuas da Praça Antônio Dias até o alto dos Maristas para início do aterro da Rua Nova. Isto na década de 1925. Desapareceram daí os “sapos ferreiros” e suas matinadas. Com a madeira da casa de Dona Andrezina Braga, demolida ao lado da Matriz, construíram no recém formado Bairro do Brasil um sobrado de dois pavimentos, para um clube de operários, entre as ruas Marechal Floriano e Dona Luíza, que os seus habitantes orgulhosamente chamavam de Prédio Martinelli¹. Muitos talvez não saibam da origem do nome de Brasil. Os meus dois colegas de escola, o Chaprêma e o Formiguinha, fundaram nas imediações da atual Igreja dos Capuchinhos um clube de futebol com a denominação de Brasil Foot-Ball Clube. Cada qual formou sua equipe e naturalmente seus fãs. Acontece que no dia da inauguração os ânimos se exaltaram e o “pau quebrou”. Nem mesmos os dois conseguiram escapar à pancadaria. E pior ainda ambos apanharam de sombrinhas, e o clube, morreu no nascedouro. Em compensação ficou batizado o “Bairro do Brasil”. Naturalmente com muita justiça terão futuramente seus nomes em placas de ruas daquele bairro.

* 1: O Edifício Martinelli localiza-se no triângulo formado pela Rua São Bento nº 405, Av. São João nº 35 e Rua Líbero Badaró nº 504, no centro da cidade de São Paulo. Com 105 metros de altura e 30 pavimentos, foi entre 1934 e 1947 o maior arranha-céu do país e, durante um tempo, o mais alto da América Latina.

* Fonte: Texto assinado por “MMR” publicado na edição de 27 de julho de 1969 do Jornal dos Municípios, do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Prediomartinelli.com.

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