TEXTO: JORNAL O PATENSE (1950)
Nesta época de evolução social, quando govêrno e governados voltas as suas vistas para o problema de nossos problemas, qual seja o da instrução pública, é doloroso verificar-se em nossa cidade o descaso com que o Govêrno Estadual vem dispensando ao nosso Grupo Escolar, relativamente ao seu corpo docente.
Raras, rarissimas são as professoras efetivas – aquelas que têm mais ou menos em dia os seus vencimentos recebidos, enquanto que as contratadas, e estas em maior número, vêem os meses se sobreporem, um após outros – sem que tenham nem ao menos a esperança de um prazo que determine a solução daquilo que, para muitas delas, constitue sustento, arrimo, amparo e por assim dizer a propria subsistência.
Recresce, aumenta significativamente o número de alunos, a tal ponto que o problema é motivo de continuas e reiteradas reclamações das pessoas interessadas, pois os matriculandos dependem das vagas dos matriculados no ano anterior.
As professoras efetivas desanimam-se com o número sobrecarregado de alunos, enquanto que as contratadas, justificadamente, desesperam-se com o retardo do pagamento de seus vencimentos, que além de reduzidissimos, aguardam aquela hora dos ponteiros de um relogio que se eternizam no mesmo lugar.
Este é o quadro que se nos apresenta no inicio do ano letivo: exiguidade de professoras efetivas, superlotação de matriculandos e debandada das professoras contratadas.
A quem apelar para o solucionamento de um caso tão escabroso quão contristador e de efeitos tão amargos e tão cheio de dolorosas consequências?
* Fonte: Texto publicado com o título “Quase ao Abandono o Grupo Escolar” na edição de 29 de janeiro de 1950 do jornal O Patense, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.
* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 24/03/2017 com o título “Grupo Escolar Marcolino de Barros em 1933”.