O Patarata é um dos nossos personagens populares, como é a Tita e tantos outros. Como é comum com a maioria deles, não batia bem com as ideias. Era apaixonado por Folia de Reis. Por causa disso na época das cantorias desfilava pela cidade com roupagem característica sem se esquecer da bandeira. Foi uma figura cativante pela ingenuidade, bom coração e o gostar de conversar, apesar de certa dificuldade em pronunciar as palavras.
Num belo dia, nos tempos do prefeito Ataidão, o Secretário de Obras arrumou um serviço pro Patarata: passar cal no meio-fio em toda a extensão da Avenida Getúlio Vargas. O homem pegou o grande balde com a calda de cal e a brocha e caminhou célere até o PTC, pois queria começar o serviço lá. O Secretário o acompanhou para verificar a destreza dele. O início foi fantástico. Satisfeito com o trabalho o Secretário foi cuidar de outros afazeres.
Passadas umas três horas o Secretário foi conferir e se decepcionou com o andamento do serviço. O homem não tinha ainda chegado na Avenida Paranaíba.
– Uai, Patarata, você começou quente e agora está numa lerdeza danada. O que houve?
Na simplicidade que lhe era particular, Patarata respondeu:
– Não houve nada, doutor, acontece que o início foi fácil, pois a lata de tinta de cal estava perto de mim. Olha onde ela está agora, longe demais. Cada ida lá pra molhar a brocha demora muito.
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.