GABINETES DENTÁRIOS ESCOLARES INÚTEIS

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ATEXTO: JORNAL CORREIO DE PATOS (1985)

Pouca gente sabe que em Patos de Minas existem três ou quatro escolas dotadas de gabinetes dentários contando com equipamentos necessários ao serviço de prevenção da saúde bucal a alunos dos sete aos quatorze anos. Se pouca gente sabe deste fato, raríssimas são as pessoas que conhecem a razão pela qual tais serviços não estão sendo prestados nestas escolas.

Na Escola Estadual Marcolino de Barros, por exemplo, um dentista que, se não prestava o serviço direito, pelo menos passava por lá duas vezes na semana perfazendo um total de uma hora de atendimento semanal. Se levar-mos em consideração que a escola possui 2.480 alunos, chegaremos à conclusão de que o caso, apesar de sério, chega s ser cômico. O máximo que tal dentista conseguia era arrancar 2 ou 3 dentes por semana, e de acordo com algumas informações era justamente isso que ele fazia, o que nos dá motivos pra crer que o trabalho de prevenção inexistia.

Quem se assustou com tal fato deve saber no entanto que existe mais motivos para se assustar. O Marcolino é a única escola onde o consultório está montado, nos outros estabelecimentos os aparelhos estão há muito tempo encaixotados. Ao ser indagado sobre a razão pela qual estes serviços não estão difundidos e consolidados nas escolas Antônio Lucas Corrêa Rodrigues, Supervisor do Centro Regional de Saúde, órgão responsável pelo desempenho dos programas preventivos da saúde, alegou que este problema não reflete sobre a pessoa do profissional que prestava serviços à escola. Antônio Lucas salientou que as falhas advêm de administrações anteriores, mas que os antigos diretores do Centro também não podem ser culpados pela situação. Para Lucas, o débito teria que ser colocado na política de saúde desenvolvida pelos governos antecessores à Nova República, que não investiram em programas de assistência e prevenção, causando um caos no atendimento ao povo brasileiro.

De acordo com Antônio Lucas, falta em Patos um supervisor para atuar na área odontológica, que é um setor específico e portanto difícil de ser manuseado por outros elementos que não tenham conhecimento da área. Muitos pedidos já foram feitos neste sentido, mas o supervisor acredita que tal problema somente deverá ser sanado a partir do ano que vem, quando um enorme recurso financeiro será aplicado no serviço de prevenção à saúde.

Informações neste sentido já foram dadas em outra ocasião e o que se espera desta vez é que tal situação tenha mesmo solução por parte dos órgãos envolvidos nesta falha. Do contrário não existirá nenhum motivo para que as escolas continuem abrigando gabinetes inúteis enquanto os alunos continuam carentes dos serviços que lhes deveriam ser prestados.

* Fonte: Texto publicado na edição de 23 de novembro de 1985 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.

* Foto: Cpt.com.br.

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