DIAS, OS

Postado por e arquivado em ARTES, LITERATURA, WANDER PORTO.

Tão antiquado nos modos
Que num impulso de azia
Disse à companheira
Como quem receita amor:

– Solitário,
Cerco meus pensares
Com a muralha da China
E suas fúrias de tédio.
Por tempo indeterminado
Para assimilar ausências.

Ela,
Entre embevecida
E apavorada,
Custou a entender
O que nunca entendeu.
Ainda assim, com cortesia,
Respondeu:

– Solidária,
Cubro meus sofreres
Com a Faixa de Gaza
E suas farpas de ódio.
Por tempo não definido
Para assassinar distâncias.

Os dias são assim:
De dentro pra fora
Roem-nos sem fanfarras.

Do resto
Ocupam-se as máscaras.

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