Também conhecido como bem-te-vi-peitica, bem-te-vizinho, maria-é-dia e mosqueteiro-listrado, o Peitica (Empidonomus varius) é uma ave passeriforme da família Tyrannidae. É de difícil identificação não só devido à sua semelhança com o bem-te-vi-pirata e com o bem-te-vi-rajado, mas também por essas duas outras espécies ocorrerem mais ou menos nos mesmos ambientes que o Peitica e muitas vezes migrarem para os mesmos locais nas mesmas épocas.
Segundo Gilberto Freire em “Casa Grande e Senzala”, algumas tribos indígenas do Brasil consideravam seu canto de mau agouro. Ao ouvir o canto da peitica, eles suspendiam as atividades e retornavam para suas malocas. Ainda hoje, no Nordeste, é comum ouvir-se a expressão “jogar peitica” significando “azarar”. Seu nome científico significa: do (grego) empis = mosquito; e nomos, nemö = alimentação, consumir, comer; e do (latim) varius = vários, diversos. ⇒ Comedor de diversos mosquitos.
Mede cerca de 18 centímetros. A plumagem, toda rajada de cinza escuro, lembra o bem-te-vi-rajado e o bem-te-vi-pirata. Seu tamanho é intermediário entre as duas espécies, tendo a cabeça e o bico mais proporcionais do que o bem-te-vi-rajado. Característica capaz de separá-la do bem-te-vi-pirata é o marrom avermelhado da base superior da cauda e os bordos da mesma cor das penas caudais. Possui duas subespécies reconhecidas: Empidonomus varius varius (Vieillot, 1818) – ocorre do sudeste do Brasil até o Paraguai, Uruguai, e norte da Argentina, leste do Peru e leste da Bolívia; Empidonomus varius rufinus (Spix, 1825) – ocorre do leste da Venezuela até as Guianas, norte e oeste da Amazônia brasileira.
Alimenta-se basicamente de insetos alados que apanha em voos curtos a partir de um poleiro e também de pequenas frutinhas como as do tapiá, que apanha tentando pairar no ar como um beija-flor, sem pousar nos galhos. Adota, quase sempre, o mesmo comportamento ao apreciar os frutos/sementes da aroeira-do-campo (Schinus lentiscifolius).
Reproduz-se de outubro a fevereiro. O ninho é geralmente construído sobre um galho horizontal, feito de grama, gravetos e fibras dispostas em forma de uma tigela rasa. São postos 3 ou 4 ovos de cor creme. A incubação é feita pela fêmea e demora de 14 a 16 dias. O casal se reveza para alimentar os filhotes.
De hábitos migratórios, vive na borda de matas ciliares, matas secas, capoeiras, clareiras em florestas primárias, cerradões e outras formações com árvores de tamanho médio, mas não muito fechadas. Coloniza áreas urbanizadas com boa arborização. Seu canto é um chamado abafado, emitido em pousos tradicionais na copa.
Ocorre a leste dos Andes da Argentina até os Estados Unidos, realizando migrações sazonais ao longo de sua distribuição, deslocando-se para latitudes mais baixas no inverno. Suas migrações são extensas e pouco conhecidas.
NOTA: A música “Acauã” (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) cita o pássaro: Toda noite no sertão, canta o João Corta-Pau, a coruja, mãe da lua, a peitica e o bacurau.
* Fonte e foto: WikiAves.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.
