Nós, imóveis, somos considerados pelos humanos – estes que se consideram o suprassumo da criação de Deus, e isso é de dar pena a nós – como irracionais. Deixa estar, eles que se mofam com essa ideia de jerico, pois nós somos tremendamente racionais e, sem eles nem se atentarem pra isso, somos bastante sentimentais. Eu, por exemplo, sou uma casa que está atenta a tudo e a todos e sei perfeitamente qual será o meu futuro. Repare o bitelo aí à minha esquerda. Repare no bitelo em construção lá atrás. É então que entra em ação a minha perspicácia em reparar no que está acontecendo em volta de mim. E nessa é que eu não entendo o porquê, recentemente, sofri uma reforma geral, deixando-me novinha outra vez e, melhor, com as minhas originais características estruturais. Por que? Já me fiz essa pergunta inúmeras vezes. Afinal, com essa predaiada surgindo por aqui no meu entorno¹ ocupando os nossos lugares, e não só no meu entorno, mas praticamente em todo o Centro da Cidade, o que será que deu na cabeça de meus proprietários de me embelezarem assim? Por um acaso vão me transformar num patrimônio histórico? Isso é conversa pra barata dormir, ora se não! Como é que eu fico? Do jeitim que estou: quietinha no meu canto sem arrepiar minhas paredes e muito menos minhas portas e janelas tão bem pintadinhas. Vou é curtir o máximo que posso essa minha buniteza e que venha o que tiver de vir, pois, na importância de pertencer à História de Patos de Minas, quando chegar a decretação do meu fim, deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na Rua Marechal Floriano, entre sua colega Major Gote e a Avenida Getúlio Vargas.
* Texto e foto (19/01/2025): Eitel Teixeira Dannemann.