O Piratantã (Copeina arnoldi) é elegante e vivaz. Traja-se bem, normalmente róseo, mas na época dos amores apresenta-se com tinta avermelhada pelo dorso, e de igual nuance as nadadeiras dorsal e caudal. De origem amazônica, o macho atinge 7,5 cm, enquanto a fêmea 6 cm. Distingue-se logo o macho da fêmea não só pelo tamanho senão também pelo formato da nadadeira dorsal. Esta, no macho, é pontiaguda, enquanto a da fêmea não é tão finamente. A nadadeira caudal é heterocerca, sendo o lobo superior maior. É onívoro, com preferência por pequenas presas vivas.
Habita o estrato superior das águas com boa vegetação flutuante ou emergente nas margens dos rios. Mostra este peixe um caráter desconfiado e assim na natureza não é fácil apanhá-lo com rede geralmente usada na pesca de pequenos habitantes dos rios. Mal pressente alguém escapa-se de improviso sem que se atine bem para onde foi. Em geral, nestes ensejos, enfiam-se entre os raizames das plantas aquáticas onde mal os vislumbramos.
A parte mais interessante até hoje desvendada sobre a vida desse original peixinho, devemos aos naturalistas alemães que lhe descobriram a singular maneira de desovar fora d’água. Para se reproduzirem, os casais se juntam, geralmente, no começo do verão e, muito juntos não se afastam do lugar previamente escolhido para desova. Colocada, em um aquário, uma placa de vidro fosco, obliquamente, com dois terços dentro d’água e um terço emergindo dela, o casal de peixinhos foi se aproximando da chapa com a cabeça voltada para cima, em grande estado de excitação sexual; sobem repetidas vezes, encostados à lâmina de vidro, a superfície da água; em um dado momento, ao mesmo tempo, atiram-se contra a lâmina e, macho e fêmea, acima d’água e contra a lâmina de vidro, põem ovos que são fecundados. Permanecem com a parte posterior do corpo fora d’água, por alguns segundos, findo os quais a fêmea desce para o fundo, logo depois o macho, ficando aderentes ao vidro 10 a 15 ovos; a substância que os prende, com muita facilidade, é leitosa e viscosa.
O casal repete a postura, em sucessivos intervalos de horas, até que perfaça um total de 100 a 150 ovos em uma superfície de 5 cm²; começa então, o choco, que é feito pelo macho, que se coloca debaixo dos ovos; de meia em meia hora, si tanto, respinga com a cauda os ovos, que assim se conservam sempre umedecidos. Após 24 horas, começam a aparecer nos ovos os pontos negros dos olhos do embrião e, ao cabo de 3 dias, já os alevinos estão n’água, junto com seus progenitores. Deste ponto em diante conservam-se caçando infusórios, com os quais se alimentam; são muito sensíveis durante a primeira fase da vida, e poucos conseguem vingar. Graças a estas dificuldades de criação e as cores brilhantes que possuem, constituem animaizinhos de luxo e caros. No aquário, o ideal é uma temperatura entre 22º e 29º C e pH de 6,8 a 7,0.
Semelhantemente, na natureza a fêmea desova nas folhas de plantas que se debruçam sobre o rio. Quando chega o momento da desova, o casal pula fora da água, unido pelas nadadeiras, colando-se por alguns segundos às folhas. A fêmea deposita uma massa gelatinosa de ovos, imediatamente fecundados pelo macho. Essa operação se repete dez ou doze vezes, até que aproximadamente uma centena de ovos seja colada, sem nenhum sobreposto ao outro. Se os ovos caírem na água, gorarão. Têm que ser mantidos úmidos, encarregando-se o macho dessa tarefa, aspergindo-os de meia em meia hora, se tanto, dando para isso violentas rabanadas na água. Setenta e duas horas depois nascem os filhotes, que vão caindo na água.
* Fontes: Peixes de Água Doce, de Eurico Santos, e klimanaturali.org.
* Foto: klimanaturali.org.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.