TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1985)
Quase dezesseis anos se passaram desde a tarde festiva do sábado, 16 de maio de 1970, quando em ambiente de total euforia realizou-se a aula inaugural da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Patos de Minas, embrião da Universidade almejada.
Apesar do crescente progresso daquela unidade de ensino, registrado ano-a-ano, graças à abnegação daqueles que a têm dirigido e apesar de várias arrancadas neste sentido, temos visto os anos se passarem sem que se concretize a instalação de pelo menos mais uma escola superior em nossa cidade. Impedimentos vários por parte dos órgãos responsáveis do setor, foram a principal causa do fracasso, mas sou obrigado a reconhecer que também de nossa parte, muito tenha faltado para tanto, não obstante, em algumas vezes tenhamos chegado à beira da autorização de uma nova escola.
Em maio deste ano, o Prefeito Municipal¹ nomeou por portaria, uma comissão “para assessorar o Conselho Curador e a Diretoria Executiva da Fundação Educacional de Patos de Minas e mediante esforço conjunto de todas as forças vivas da comunidade, na prática dos atos necessários junto aos órgãos competentes, objetivando a criação de novos cursos superiores para a cidade”. E a referida comissão trabalhou com empenho e agora recentemente, encaminhou à CONSAE (Consultoria e Administração de Ensino), do patense José Muriel Cardoso, o processo para nova tentativa de criação da Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Empresas. E conforme se expressou em carta ao Prefeito, aquele nosso conterrâneo surpreendeu-se “por não estar acostumado a receber processos tão bem entendidos, tão bem estruturados, tão bem elaborados”.
O momento coincide com a reabertura do Conselho Estadual de Educação para estudo da viabilidade de novas escolas, o que nos faz reacender as esperanças de que nossa segunda unidade de ensino superior possa ser autorizada agora no início do ano, ou no mais tardar, no segundo semestre de 1986.
Coincidentemente, através do patense Dr. José Francisco de Paula Filho, residente fora de Patos há muitos anos e envolvido com o processo de instalação de Faculdades, chega ao conhecimento do Prefeito, que através de uma fundação de caráter particular, pode-se requerer diretamente ao Conselho Federal, a criação de até duas escolas de uma só vez, em qualquer época do ano, de vez que aquele órgão recebe pedidos desta natureza durante todo o ano, ao contrário do Conselho Estadual que só atua com fundações estaduais – que é o caso da nossa – e municipais, e só se abre periodicamente.
Da informação à ação, já está em andamento a criação de um Conselho Municipal de Educação e Cultura, que, uma vez aprovado pelo Legislativo Municipal, agirá como mentor e incentivador à criação de uma fundação particular, que aliás já praticamente existe, a qual irá pleitear a instalação de uma ou duas novas faculdades.
Não existe logicamente, o espírito de concorrência à atual Fundação Educacional. Cada uma atuará em sua área, até que no futuro, a exemplo do que vem ocorrendo em outras cidades, duas ou mais fundações se unam para a criação de uma Universidade.
O que importa é que chegamos a este final de ano, com as esperanças redobradas no setor educacional de nível superior, e queira Deus, daqui a um ano, possamos ter mais duas, ou quem sabe até três novas faculdades, para fazer companhia à nossa gloriosa e valorosa, porém solitária Faculdade de Filosofia Ciências e Letras.
* 1: Arlindo Porto Neto.
* Fonte: Texto publicado com o título “Somar para alcançar o objetivo” no Editorial do n.º 130 de 31 de dezembro de 1985 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: br.freepik.com, meramente ilustrativa.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.