Quantas casas patenses têm rede de esgoto? O que é feito com o lixo cazeiro? Há muitos animais domésticos em Patos? Vacinados ou não? E o abastecimento de água? Estes e outros itens constam de um levantamento realizado pela Unidade de Saúde Dr. Adelio Dias Maciel, de Patos de Minas com a colaboração de estudantes de vários colégios, sob a supervisão do Dr. Marcio Cordeiro.
O levantamento tem por finalidade diagnosticar os principais problemas de saúde pública de nossa cidade. São eles todos da alçada do Departamento de Saúde da Prefeitura, porém não nos parece honesto cruzar os braços e criticar, mesmo porque a maioria das críticas e reclamações sobre os referidos problemas são freqüentemente dirigidos a nós, das Unidades de Saúde. Conhecer os problemas que nos aflige não é o fim, mas é o primeiro passo, diz o documento da Unidade de Saúde.
De um total de 11.223 residências cadastradas pela Prefeitura Municipal, os jovens colegiais visitaram 7.802, ou seja 69,51% e conseguiram fazer o levantamento de 7.482, o que representa 66,66% do total das residências cadastradas. Uma amostra razoável e significativa.
Sobre as condições de ocupação das residências pode-se verificar que 68,43% são próprias (5.120 residências), enquanto 24,27% moram em casas alugadas e 7,29% são cedidas.
Um dos itens do levantamento, talvez o mais importante, é sobre o esgoto e o lixo em Patos. Há na cidade, nas residências visitadas, 49,11% de instalações sanitárias ligadas à rede de esgoto, 33,17% ligadas à fossa, enquanto 17,79% usam fossa seca. Cerca de 8,16% jogam as águas residuais para as vias públicas.
O relatório da Unidade de Saúde identifica aqui “os principais problemas de nossa comunidade e portanto de nossas autoridades governamentais”.
Apenas 34% do lixo é recolhido de nossas residências, enquanto 37% do lixo é queimado e o restante cerca de 28,54% vai para os quintais e para as ruas. Aqui o problema é mais sério ainda não só quanto ao aspecto de limpeza urbana mas principalmente no que diz respeito à saúde pública.
O quadro n.º 9 do levantamento apresenta a grande frequência dos animais nocivos, inclusive de barbeiros, agente transmissor da doença de Chagas presente em 5,52% das casas levantadas. E os ratos? 40,13% das residências patenses são vítimas. Moscas? A ocorrência é de 57.97%.
As pequenas hortas de fundo de quintal são comuns. Contudo, diz o relatório da Unidade de Saúde que “uma campanha bem feita com fornecimento de mudas nas epocas certas e uma orientação de cultura das mesmas, melhoraria bastante a alimentação do patense e amenizaria, talvez, os prejuízos que a população sofre com a campanha contra a criação de porcos de fundo de quintais”. Aliás, sobre os suínos, o levantamento detectou a existência de 3.585 cabeças num total de 1.402 residências patenses.
Também com relação aos animais domésticos a situação é bastante grave, pois o número de cães é muito grande (5.569 cães), embora a vacinação contra raiva já tenha atingido um total de 3.838 cães em nossa cidade.
O abastecimento de água em Patos apresenta-se razoável, embora o aproveitamento da água seja pouco satisfatório, pois pouco mais da metade das casas tem lavatório, pia e banheiro. Cerca de 81,79% das residências levantadas são ligadas à rede de água, 18,79% são abastecidas por poço (cisterna ou artesiano). Já o filtro está presente em 82,17% das residências.
É curioso notar que somente 44,88% de nossa população é menor de 15 anos de idade, enquanto a média brasileira ultrapassa os 50%. O total dos habitantes levantados foi de 53.756, nas 7.882 residências visitadas.
O relatório, assinado pelo Dr. Paulo José de Amorim, chefe da Unidade de Saúde Dr. Adelio Dias Maciel, diz ainda que “este é um trabalho benemérito e o primeiro passo para resolver uma série de problemas de saúde pública. A comercialização e fabricação de alimentos em nossa cidade, nos parecem, à primeira vista, de uma periculosidade sem fim, ou porque não dizer atentatória à saúde pública”
* Fonte: Texto publicado com o título “Unidade de Saúde faz levantamento sanitário em Patos” na edição de 07 de setembro de 1978 do jornal Correio Estudantil, do arquivo do Centro de Documentação e Memória do UNIPAM.
* Foto: Quatro parágrafos do texto original.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.