ANTIGA CASA DO CEL. ARTHUR THOMAZ DE MAGALHÃES

Postado por e arquivado em INVENTÁRIOS DIMEP.

ANÁLISE DE ENTORNO

O imóvel implantado em meio de quarteirão voltado para a quadra 02 da Avenida Getúlio Vargas (n.º 180), mais conhecida como Praça do Coreto. O entorno é marcado por edificações com volumes horizontais, pontuadas nas duas esquinas pelo prédio da Rádio Clube (à sua direita) e pelo Palácio dos Cristais (à sua esquerda). Duas casas em um único nível avizinham as laterais. A ocupação é antiga, sendo o Palácio dos Cristais do início da década de 1970 a última construção erguida na face da quadra. O tipo de ocupação é marcado por panos de fundos vazios que outrora constituíam perfis de vastos quintais. Ainda é possível perceber os vazios dos quintais ao fundo da Casa e das vizinhanças. A Casa está em frente à quadra II da Avenida Getúlio Vargas, também conhecida como Praça do Coreto. Hoje a concepção de larga via introduz uma nova dinâmica na leitura do tecido urbano, fazendo que a casa componha o perfil formal lindeiro da vasta avenida.

DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

0HISTÓRICO

Imóvel construído no princípio do século XX pelo Coronel Arthur Thomaz de Magalhães, emblemática figura do início do século, proprietário do Cine Magalhães. Em 1936 o Coronel Arthur vendeu sua casa para Anísio Cardoso Assunção. Foi um negócio entre a família, e, de acordo com o Registro de número 3.638 de 11 de novembro de 1936 do Cartório de Registro de Imóveis de Patos de Minas, “foi observado o dispositivo no art. 1 132 do Código Civil”. De acordo com o Código de 1916, no artigo ao qual o Registro faz referência, “os ascendentes não podem vender aos descendentes, sem que os outros descendentes expressamente consintam.” (Lei n. 3071, 1/1/1916). O comprador era marido da filha mais nova do Coronel, a senhorinha Dalca. Posteriormente, na década de 1950, foi vendida a Gil Alves de Oliveira. A edificação faz parte do antigo logradouro público conhecido como “passeio público” primeiro logradouro urbanizado da cidade de Patos de Minas. A casa foi implantada antes da abertura do passeio empreendida pelo próprio Coronel. A região anteriormente era denominada de no antigo Largo do Rosário, em virtude da capela que existia há poucos metros do terreno do Coronel Arthur Magalhães.

DESCRIÇÃO

Sobrado em estilo eclético, partido arquitetônico regular, planta predominantemente retangular, sentido maior perpendicular ao alinhamento frontal. A edificação segue a solução típica da do início do século XX que eleva a construção do rés-do-chão para se constituir porão para guarda de insumos domésticos. O uso do porão permite a sobrelevação do imóvel garantindo assim a privacidade com relação ao nível da rua. Mesmo assim, o nível do porão é rebaixado em relação ao do calçamento. A ventilação é feita através de quatro pequenos óculos retangulares por vergas em arco abatido, vedados com gradil em chapa de ferro. O acesso é feito pela lateral direita através de pátio originariamente ajardinado, onde se dispõe uma escada em lance único que dá acesso ao alpendre, coberto por laje impermeabilizada que cobre as portadas de acesso ao imóvel. O sobrado está implantado no alinhamento frontal e mantém relação de vazios nas duas laterais. O alçado frontal assimétrico é rico em detalhes ressaltados em argamassa de cal. Os motivos geométricos ocorrem na platibanda, marcando o seu desenvolvimento. Trata-se de conjunto de pequenas faixas descontínuas nas direções vertical e horizontal. A cobertura é de telha cerâmica do tipo francesa em 04 (quatro) águas principais, sendo duas tacaniças uma anterior junto à fachada principal e a outra posterior. As fachadas frontal e laterais possuem platibanda que ocultam os planos de telhado. No plano posterior, o beiral é acimalhado, com cornijas em massas de cal, arrematados nas laterais por dois cunhais salientes feitos em tijolos. O sistema construtivo é predominantemente monolítico executado em alvenaria de tijolos cozidos. O embasamento é aparente, feito em pedras e tijolos, ensoleiramento visto até o nível dos baldrames. O barroteamento dos pisos da casa coincide com o embasamento do porão. O piso da casa é tabuado corrido, com tabeiras nos cantos. O tabuado possui encaixe tipo macho-e-fêmea assente em grossos barrotes e madres de sustentação. O piso do porão é em ladrilhos hidráulicos, e parte da frente em chão batido e cascalho. A fachada principal apresenta-se cinco vãos de abertura distribuídos em dois panos. Os vãos são enquadrados pelos cunhais de acabamento de alvenaria do tipo pilastras, ressalto à altura do piso do primeiro pavimento, peitoris das janelas e vergas com faixas salientes de contorno, janelas duplas, duas folhas de abrir para dentro, postigo interno em almofadas e externo de veneziana composta. O vão principal frontal, lado esquerdo é ladeado por duas seteiras. Quanto aos vãos da lateral esquerda, os vãos são em número de cinco, dispostos regularmente, dotados de janelas do tipo guilhotina. Os forros internos são de madeira, do tipo saia-e-camisa, dotados de cimalhas de madeira, assentes inclinadas, com orifícios em formas geométricas e florais. A maioria dos forros possui acabamentos em tabeiras. O piso do alpendre é em ladrilho hidráulico, motivos geométricos e florais multicores.

Análise do Estado de Conservação: O sobrado encontra-se em bom estado de conservação, mantendo-se o uso residencial que é salutar no processo de preservação.
Fatores de Degradação: A falta de manutenção regular é um dos motivos de deterioração do imóvel, além da poluição derivada do intenso tráfego de veículos.
Intervenções: A Casa passou por intervenções de adequação, tais como nos banheiros, escada de acesso ao quintal, laje e pilastra do alpendre.
Referências Bibliográficas: Informações coletadas in loco; BIC – Boletim de Informação Cadastral – Seção de Cadastro Imobiliário da Prefeitura de Patos de Minas; SILVA, Rosa Maria Ferreira da. Avenida Getúlio Vargas, 180. Parecer Histórico. Patos de Minas: Diretoria de Memória e Patrimônio Cultural, 2009.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: Imagens da década de 1940 (esquerda) e do ano de 1999 (direita).

ARTHURFICHA TÉCNICA

Levantamento: Myrian Xavier Furtada – Fevereiro de 1999
Elaboração: Alex de Castro Borges – CREA 67700/D – Abril de 1999
Revisão: Alex de Castro BorgeS – 06/07/2004
Revisão: Thaís Azevedo Alves – 15/12/2008
Última Revisão: Rosa Maria Ferreira da Silva e Alex de Castro Borges – 16/12/2010

NOTA: O INVENTÁRIO é um dos instrumentos de proteção do patrimônio cultural previstos no art. 216, § 1º, da Constituição Federal (CF 1988) ao lado de outros como o tombamento e registro, sendo mais prático, de efeitos mais brandos e de desenvolvimento mais eficiente e eficaz. Enquanto o tombamento normalmente salvaguarda bens considerados notáveis, o inventário tem alcance mais amplo, já que pode ser utilizado para proteger bens culturais mais singelos, que podem guardar elementos identitários de uma época, comunidade ou lugar. Dessa forma, o poder público ao inventariar um bem reconhece seu valor cultural e sua importância para a coletividade e que ao mesmo deve ser dada atenção especial visando sua preservação.

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