Tudo é questão de querer entender as coisas, pois quem não procura entender as coisas acaba não entendendo nadica de nada. Entendeu? O negócio é que daqui do meu pedacinho de chão fico manjando aquele edifício horroroso aí atrás de mim e entro naquela de querer entender como um troço desses está lá há mais […]
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DEIXAREI SAUDADE − 247
Não sei quando foi assentado o meu primeiro tijolo, mas que faz muito tempo, isso faz. Enquanto os humanos não sentem absolutamente nada quando começam a se desenvolver nos úteros, nós imóveis participamos, damos vivas a cada parede erguida. Não importa se é uma mansão ou uma casinha simples como eu. A emoção exala pelas […]
DEIXAREI SAUDADE − 248
Quando eu fui construída, tinha uma casinha ali, outra acolá e de repente juntaram as casinhas simples formando esse beco em curva poeirento pra caramba no tempo da seca e barro puro nas chuvas. Lembro que ele era conhecido por Beco Dores do Indaiá e depois, sei lá porque, mudaram o nome pra Rua Natal¹. […]
DEIXAREI SAUDADE − 249
Não sou de comparar memória de imóvel com memória de humano, mas minhas paredes estão coçando de vontade de perguntar, por isso vou perguntar: você aí sabe como era o calçamento da Avenida Brasil no início da década de 1960? Bem, como a maioria não sabe, eu digo que era de bloquetes². E agora fiquem […]
DEIXAREI SAUDADE − 250
Eu sei que sou uma residência que já acolheu muitas almas e até hoje continuo acolhendo muitas almas. Não é à toa que me chamam de Residencial Barãozinho. E desde o início fui bem cuidada como estou agora, como você aí pode muito bem perceber. Durante muitos anos, em meio a muitas casinhas simples aqui […]
DEIXAREI SAUDADE − 251
Não me perguntem como estou de pé até hoje em pleno Bairro Sobradinho¹. Antes, é bom deixar muito bem claro, que construções como eu era o que reinava por aqui. Uma aqui, outra acolá, e muito verde nos separando. Sorrateiramente, um tal de progresso resolveu lotear tudo por aqui. Foi aí que começou o surgimento […]
DEIXAREI SAUDADE − 252
Na época, quando fiquei pronta, minhas estruturas ficaram com pesar por ter ocupado o lugar de uma casinha simplória que havia aqui¹. Surgi como comércio embaixo e residência em cima. Assim foi durante muitos anos, até igreja funcionou aqui, até que, sei lá porque, fui sendo deixada de lado até me ver abandonada. E pior, […]
DEIXAREI SAUDADE − 253
Uma nuvem negra paira sobre mim, só pode! Há anos essa nuvem negra vem judiando de minhas paredes, portas, janelas e telhado. Tudo por causa do disgranhento progresso que não perdoa nada do que é velho, que despreza tudo aquilo pertencente ao passado. Pra ele, o progresso, essa maldita máquina trituradora do ontem, só interessa […]
DEIXAREI SAUDADE − 254
Já lá se vai um tempão que fiquei sabendo de minhas origens. Só não me lembro do ano, mas sei que teve um construtor na Cidade que ergueu um mundaréu de casas semelhantes a mim espalhadas por tudo quanto é canto, e até nos Distritos também. De início, não havia a garagem, só depois de […]
DEIXAREI SAUDADE − 255
Ei, presta atenção nimim, sou essa aqui da esquerda. Falo em nome de nós duas, isso porque a minha colega aí do lado me autorizou por estar tão arrasada que não tem vontade alguma de se expressar. Aliás, é bom deixar muito bem evidente, estou tão arrasada quando ela, mas, sei lá de onde me […]
DEIXAREI SAUDADE − 256
Sim, sou branquela, tudo na minha frente é branco, até o carro na garagem é branco, e daí, o que você tem a ver com isso? Você é um xereta por ficar por aí registrando imóveis naquela de que nós, sem salvação alguma, seremos devoradas pelo progresso. Olha bem pra mim, cara, apesar desse bitelo […]
DEIXAREI SAUDADE − 257
Sinceramente, e eu sei que você vai concordar comigo, os construtores de antigamente eram muito mais estilosos que os de hoje. É porque você nunca reparou, mas de vez em quando, ao percorrer a Cidade, seja a pé ou de carro, vai manjando as construções antigas e reparará que são repletas de detalhes arquitetônicos que […]