Estou confusa, muito confusa. Devo estar sofrendo de alguma síndrome humana, se isso é possível. Será que problemas psicológicos humanos podem afetar minhas estruturas paredais, minhas portas, minhas janelas, meu telhado? Seria maníaca, neurótica ou psicótica? Deve ser um troço desses aí, só pode, porque estou chegando numa situação que já não estou sabendo quem […]
Resultados encontrados: 2020
DEIXAREI SAUDADE − 109
Eu surgi dos escombros. Não é assim com todas. Umas nascem sobre um solo preparado especialmente para o fato. Outras, como eu, nascem sobre os vestígios de outra, e até outras. Não sei e nem quero saber se foi assim ou foi assado. Interessa-me apenasmente que surgi muito mais garbosa do que a que aqui […]
DEIXAREI SAUDADE − 110
Estava sorumbática envolta com minhas paredes, portas e demais acessórios quando percebi um sujeito passando à minha frente com um radinho próximo ao ouvido direito. Foi rápido, mas deu para ouvir um trecho: A sua casinha triste estava toda fechada. E no varal do alpendre umas roupas penduradas. Conheci no meio delas sua blusa amarelada. […]
DEIXAREI SAUDADE − 111
Eu fui construída por José das Chagas¹, com muito orgulho. O que, você nunca ouviu falar de José das Chagas? É, meu chapa, recomendo que você viaje urgentemente pelo EFECADEPATOS para conhecer a História de Patos de Minas. Saiba que tenho um mundaréu de irmãs espalhadas por toda a Cidade. Não tenho certeza, mas se […]
DEIXAREI SAUDADE − 112
Uma das almas que atualmente me ocupam tem duas paixões na vida: a Igreja do Rosário aí em frente¹ e a História de Patos de Minas. Não perde uma missa e quando está com o computador ligado não sai de um tal de EFECADEPATOS. Eu não tenho absolutamente nada a ver com isso, minha obrigação […]
DEIXAREI SAUDADE − 113
Espero há anos, sei lá quantos anos, ser concluída e me ver bonita e formosa. Mas esse dia nunca chega e, para falar a verdade, sinceramente, nem sei mais o que eu sou. Aliás, sei, sou um trambolho que há muito tempo enfeia a Rua Dona Luiza. Até pouco tempo eu ainda me divertia com […]
DEIXAREI SAUDADE − 114
Saudosa Patos de Minas de antigamente, saudoso bairro de antigamente, saudosa rua de antigamente¹, só casas pra todo lado, umas simplesinhas, outras melhorzinhas, gente calma, poucos carros, algumas lambretas, o simpático barulho da torcida que vinha do campo do Tupi, o vai e vem dos alunos do Colégio Estadual e, o mais importante, nenhum edifício. […]
DEIXAREI SAUDADE − 115
Se não sabem, fiquem sabendo que já fui citada na revista Veja. Não quero nem saber se a reportagem estava ou não zombando da Cidade, só sei que o povo não gostou e protestou¹. Eu nem aí, garbosa como sou desde que fui erguida não fiquei dando atenção para falatório popular. Atenção estou dando ultimamente […]
DEIXAREI SAUDADE − 116
Ô disgrama de silêncio, uma sensação medonha de isolamento. Trem mais ruim do mundo isso, ainda não me acostumei com essa falta de movimento em minhas entranhas. Desde que fui erguida sempre teve humanos e outros animais zanzando entre minhas paredes. Já lá se vão dois anos que estou aqui abandonada num dos pontos mais […]
DEIXAREI SAUDADE − 117
Eu sempre me pergunto quem foi o responsável, lá nos idos tempos do século 19, pela ideia de formatar esse baita espaço de um lado a outro das casas e que é hoje essa Avenida Getúlio Vargas. Será que era para o de cá não ficar xeretando visualmente a vida do de lá e vice-versa? […]
DEIXAREI SAUDADE − 118
Minhas paredes têm ouvido palavras interessantes vindas da Igreja do Rosário¹. Dia desses alguém disse que a infelicidade atormenta qualquer ser humano, e que não existe alguém que nunca tenha experimentado num determinado momento de sua vida a infelicidade, e, gerando-a, estão a agitação e a alucinação da vaidade, que calam a consciência dos mortais. […]
DEIXAREI SAUDADE − 119
Os humanos não sabem que nós, imóveis, começamos a nos sentir existentes quando os primeiros tijolos são assentados. Assim, logo de cara percebi aquela escola à minha frente. Senti-me feliz, ora, surgir em frente a uma escola¹, e que não era uma escola qualquer, foi bão demais da conta. E quando eu já habitada, quando […]